Deputados de partidos de oposição ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) protocolaram um pedido de impeachment contra ele nesta quarta-feira (30/10), na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), por ter vinculado Guilherme Boulos (PSol), candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo, ao PCC, no dia da votação do segundo turno das eleições na capital paulista.
O pedido foi registrado pelas federações PT/PCdoB e PSol/Rede na Alesp. Os deputados argumentam que Tarcísio utilizou a máquina pública para beneficiar a campanha de Ricardo Nunes (MDB), reeleito prefeito no último domingo.
Segundo Paulo Fiorilo, líder da bancada do PT, o governador “usou sua posição para divulgar bilhetes interceptados”, os quais supostamente sugeriam um apoio do PCC a Boulos, sem apresentar qualquer documento que comprovasse isso.
O pedido de impeachment alega que o governador deveria ter encaminhado o caso à Justiça Eleitoral, o que não foi feito, e que não poderia ter usado a estrutura do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, para fazer tal declaração, especialmente no dia da votação.
“Estamos questionando a irresponsabilidade do governador em um período eleitoral no qual ele deveria ter se dirigido à Justiça Eleitoral, o que não ocorreu”, afirmou Fiorilo.
“O comportamento do governador, ao se apropriar de informações e da credibilidade de seu cargo para fazer declarações que beneficiariam seu candidato na eleição municipal de São Paulo, configura desvio de um bem público para vantagem privada”, aponta o pedido de impeachment, ao qual o Metrópoles teve acesso.
O documento ainda destaca que a situação representa “a própria definição penal de corrupção”. Os deputados também preparam uma representação contra Tarcísio para encaminhar à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Tarcísio mencionou o suposto “salve” do PCC no domingo, durante entrevista à imprensa logo após votar na zona oeste de São Paulo. “Houve o salve. Foi interceptada a comunicação de uma facção criminosa orientando eleitores de determinadas áreas a votarem em certos candidatos. Com o serviço de inteligência, essa interceptação foi feita”, declarou Tarcísio de Freitas.
A decisão de acatar ou arquivar o pedido de impeachment será do presidente da Alesp, deputado André do Prado (PL), aliado de Tarcísio e próximo ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Na tarde de ontem, a Assembleia aprovou, em sessões relâmpago, uma alteração na lei para permitir a reeleição de Prado, com votos da bancada do PT.