Elevando ainda mais o tom contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a administração de Nicolás Maduro ameaçou adotar “medidas necessárias” contra o Brasil, em resposta ao veto do país à entrada da Venezuela no Brics e às recentes declarações de Celso Amorim. O comunicado foi divulgado nesta quarta-feira (30/10) pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.
“O governo venezuelano reservou-se o direito, no âmbito de sua política externa, de tomar as ações cabíveis em resposta a essa posição, que coloca em risco a cooperação e o trabalho conjunto desenvolvidos até agora em diferentes espaços multilaterais”, afirmou parte do comunicado.
A declaração, em tom de ameaça, foi feita após o governo de Maduro convocar o encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Caracas, Breno Hermann, para expressar “o mais profundo repúdio” a declarações recentes de autoridades brasileiras. Além disso, o embaixador da Venezuela em Brasília, Manuel Vadell, foi chamado de volta ao país.
Na diplomacia, a convocação de um embaixador ao país de origem é considerada um ato de retaliação e sinal de redução de cooperação entre as nações envolvidas.
Celso Amorim, assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, foi mencionado no comunicado e acusado de ser um “porta-voz do imperialismo norte-americano”. Esse ataque ao diplomata de confiança de Lula ocorreu após ele ter participado de uma sessão da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (29/10).
Durante o encontro com parlamentares brasileiros, Amorim comentou sobre a situação na Venezuela, relatou o “mal-estar” entre os dois países e explicou as razões que levaram o Brasil a vetar a inclusão da Venezuela no Brics.
Segundo o diplomata, o Brasil acredita que novos membros do Brics devem ter “influência e capacidade de representar a região”, qualidades que, na visão do governo Lula, a Venezuela de Maduro atualmente não possui.