A decisão de reduzir o percentual financiável para a compra de imóveis, anunciada recentemente pela Caixa Econômica Federal, é vista com preocupação pelo setor da construção civil. A medida, segundo o banco, é uma reação à evasão de recursos da caderneta de poupança, principal fonte de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Entre as medidas anunciadas para restringir o acesso ao crédito imobiliário estão a diminuição do teto do valor disponibilizado para financiamento de imóveis - que passa a ser até R$ 1,5 milhão - e a redução do percentual financiável da casa própria de 80% para 70%, que valerá tanto para imóveis residenciais (novos e usados) quanto para comerciais. Além disso, os clientes também só poderão ter um financiamento imobiliário ativo com o banco.
Para o presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Marcos Bellicanta, o conjunto de medidas preocupa o segmento, já que limita o potencial de compra pelos brasileiros. “O que a Caixa fez foi dificultar o acesso à moradia para uma boa parte da população, especialmente a classe média, que depende desse tipo de recurso para a compra da casa própria”, explicou.
Bellicanta destaca ainda que essa medida restritiva soma-se à sinalização de aumento da taxa básica de juros, outro fator que impacta negativamente o setor de construção civil. Além disso, discussões iniciadas pelo Ministério do Trabalho sobre o uso do FGTS como garantia de pagamento de empréstimos consignados trazem à tona a preocupação sobre fontes de recursos para financiar o setor de habitação. “É fundamental que o setor financeiro encontre novas fontes de recursos de baixo custo para financiar o setor da construção, que encadeia muitos elos do setor produtivo. É grande a preocupação de que tenhamos limitação no crescimento ao longo dos próximos anos devido a problemas de funding para financiamento imobiliário”.