Campanha marcada pelo confronto
Em 45 anos de trajetória profissional, o titular deste espaço está a cobrir a 22ª eleição. Forçoso reconhecer que nunca presenciou uma campanha tão carregada, tão pesada, tão marcada por confrontação como essa.
Vamos nos restringir a Santa Catarina, muito embora tenhamos outros episódios como a disputa pela principal capital brasileira, São Paulo, mas vamos ficar por aqui.
Estamos a acompanhar algo sui generis, inédito na sua intensidade. Senão, vejamos. Vamos começar raciocinando em torno da polarização.
Vemos hoje uma clara polarização nacional entre o PT de Lula da Silva e o PL de Jair Bolsonaro. Há dois anos, o ex-presidiário voltou à cena do crime em um pleito cuja condução foi absolutamente tendenciosa, capciosa e que culminou na frustração de Bolsonaro, que buscava a reeleição.
Ah, tá
Lula foi declarado eleito com pouco mais de dois milhões de votos depois de ter exercido por duas vezes a Presidência da República. Não custa lembrar que ele saiu da cadeia exclusivamente pelas mãos do STF para concorrer contra Bolsonaro. Era a única alternativa para tentar derrotar o então presidente.
Terrinha
Feito esse registro, voltemos ao estado, onde a polarização nesse pleito municipal difere da nacional. Em Santa Catarina, a polarização não é com o PT, não é com a esquerda.
Cadáver insepulto
O PT está sujeito a não eleger prefeito, condição que vale para a esquerda também, em nenhum dos treze grandes municípios catarinenses, podendo talvez eleger um, no máximo, considerando-se as 25 maiores cidades.
Conexões
Em Santa Catarina, a polarização ocorre entre o PL e o PSD, parceiro nacional do PT, partido de Gilberto Kassab, o chefão mafioso.
No estado, contudo, alguns pessedistas, oportunistas de plantão, se apresentam como bolsonaristas. É surreal. Oportunismo pouco é bobagem.
Pleito aberto
Cenário de polarização para a eleição em cidades como São José e Criciúma, com resultado imprevisível. No Sul, páreo aberto entre Ricardo Guidi ou Vaguinho Espíndola. Já na Grande Florianópolis, a disputa é entre Orvino de Ávila e Adeliana Dal Pont. Liberais e pessedistas se enfrentando.
Diapasão
O mesmo confronto ocorre em vários outros municípios. Agora, o que mais chama a atenção é a radicalização que acompanhamos. Não só em Criciúma, onde o prefeito foi preso, mas em Lages. Na Serra, o ex-prefeito e candidato do MDB Elizeu Mattos teve sua candidatura impugnada e indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.
Temporais
Não bastasse isso, o clima de guerra em Balneário Camboriú e em vários outros municípios com o ambiente carregado, pesado, como jamais visto em Santa Catarina. Em outros tempos, o ritmo dos pleitos em SC era outro, mais civilizado.
Baixaria
Ocorre que esse contexto de polarização está levando a campanha, nos seus últimos momentos, a vias de fato. Em Balneário Camboriú, a polícia está sendo acionada para fazer flagrante em função de uma operação fraudulenta e forjada por parte da atual estrutura da prefeitura e do PL local.
Casos de polícia
Isso tudo vai terminar na Justiça, ou seja, é um clima beligerante, uma situação que não tem nada a ver com Santa Catarina. Talvez não tenha sido por acaso que a gestão do atual prefeito de Balneário, em fim de mandato, ficou marcada pelo grupo chamado República de Curitiba. Paranaenses que aportaram na cidade e deitaram e rolaram por oito anos.
Virar a página
Fica aqui o registro, com pesar, de que Santa Catarina tenha, e isso está ocorrendo em vários outros municípios catarinenses, inclusive de médio porte, entrado nessa conexão e nesse eixo de radicalização que já se faz presente há algumas eleições em vários estados brasileiros. Lamentável, lastimável, não tem nada a ver com o perfil do catarinense.