sexta, 29 de março de 2024
Saúde
30/08/2022 | 14:48

Estudo aponta crescimento de suicídios entre jovens de 15 a 19 anos de idade

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados pela DIVE, a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo e, estima-se que, anualmente, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio, sem contar os casos subnotificados, o que pode aumentar esse índice. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano. O recente Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil, do Ministério da Saúde, apontou a grave situação relacionada ao suicídio em Santa Catarina. O Estado faz parte da região sul que, apesar de concentrar apenas 14% da população do país, possui 23% dos registros de suicídio. 
 
“O que percebemos é que houve um aumento de 27%  na mortalidade por suicídio no Brasil, entre os anos de 2010 e 2019. As taxas podem ser consideradas moderadas, em torno de 6,6% para cada  100 mil habitantes, mas o que chama a atenção é a idade das vítimas: de 15 a 19 anos de idade. Então, lá em 2010, quando iniciou a pesquisa, existia uma taxa de 3,5% para cada 100 mil habitantes e foi aumentando gradualmente até chegar a uma taxa de 6,36 no ano de 2019. Neste caso, essa população jovem é a de maior atenção nesse momento, devido às taxas de suicídio”, explica o médico psiquiatra  Denys Deucher Tomio, membro da Associação Brusquense de Medicina - ABM. 
 
Com relação a esses jovens, o psiquiatra orienta pais e demais familiares a ficarem atentos sempre a mudanças de comportamentos, ajudá-los e orientá-los a lidar com as frustações e situações de dificuldades emocionais e também os hábitos e estilos de vida, como horários para jogos no computador, filmes e séries que assistem e incentivar as amizades saudáveis.
 
“Neste contexto vale destacar que um estudo sobre a série: ‘13 Razões, por quê?’ (13 Reasons Why) que foi muito comentada, deve um efeito muito ruim na sociedade, pois três meses após o início daquela série, houve 94 mortes por suicídio há mais do que o esperado e também   aumento de 20% de suicídio entre meninas, além de  13% de aumento na mesma faixa etária, de 13 a 19 anos. Esse estudo, conseguiu evidenciar que mostrando essas ‘razões’ para cometer o suicídio, não ajudam em nada na prevenção, muito pelo contrário. O que precisamos é prevenir, observando os comportamentos”, exemplificou o médico.  
 
PREVENÇÃO – ATENÇÃO NOS SINAIS 
Ainda segundo o médico psiquiatra, independente da idade, existe alguns sinais de que a pessoa possa cometer suicídio e que podem ser identificados por amigos ou familiares, como por exemplo, se a pessoa já teve uma tentativa prévia de suicídio, ela está entre os 50% daqueles que na segunda tentativa se suicidaram.  Além disso, as doenças mentais, os transtornos psiquiátricos precisam ser acompanhados por um especialista, para evitar um grande agravamento da doença psiquiátrica. 
 
O médico ainda alerta para, atenção àquelas pessoas que apresentam doenças clínicas, doenças não psiquiátricas e que podem gerar uma sensação de perda de sentido da própria vida, como HIV, doenças neurodegenerativas, neurológicas ou que não tem cura, pois podem causar sintomas de desesperança. 
 
Neste sentido, é importante ficar atento a sinais de desespero, desamparo e algum grau de impulsividade, pois algumas vezes a pessoa não quer cometer o suicídio, mas em um impulso, acaba realizando o ato. Atenção ainda, tanto às mulheres quanto aos homens, pois o sexo masculino tem as maiores taxas de suicídio, porém as tentativas são mais frequentes entre as mulheres. Observar também, o histórico familiar; pessoas que fazem abuso de substâncias, como álcool, drogas, entre outras; e aquelas pessoas que tiveram traumas de infância, como histórico de abuso físico ou sexual.
 
CAMPANHA 2022
A Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM realiza, desde 2014, o Setembro Amarelo. No dia 10 de setembro, é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Neste ano, o lema é “A vida é a melhor escolha!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas. 
 
Porém, segundo reforça o médico, é preciso que todos formem uma rede de apoio, que tenha um suporte com profissionais de saúde, com a família, principalmente, para que possa colaborar com essa pessoa.  Neste sentido, é importante salientar que a mídia também tem um papel fundamental nesse processo, pois a divulgação de imagens, números de suicídios ou formas não ajudam com relação à prevenção. 
 
“O que é percebido através de estudos é que a maneira como é divulgado, não é de orientação, mostrando que o suicídio esta relacionado a doenças psiquiátricas, a tentativas previas de suicídio, ao uso de drogas e ao abuso de álcool e que existe saídas, existe alternativas para se lidar com essas situações”, explica o especialista, lembrando ainda que “a conduta no ponto de vista científico, é que ela deve ser muito mais positiva, muito mais de orientação, de ajuda relacionada a prevenção, do que simplesmente mostrar dados de maneira crua e que isso não ajuda a prevenir o suicídio”.  
 
O psiquiatra Denys Deucher Tomio, lembra ainda que, a ajuda deve começar em casa, proporcionando que a pessoa possa falar sobre a dificuldade que tem e o familiar, percebendo essa dificuldade, deve procurar um profissional da área da saúde com experiência, que seria o médico psiquiatra e o psicólogo. Esses profissionais tem uma abordagem para poder identificar as principais causas clínicas, psiquiátricas e gatilhos ou as causas psicológicas e assim, indicar o melhor tratamento.

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