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Geral
01/11/2019 | 16:48

Exposição “Fragmentos” provoca reflexão sobre a memória e a violência

O artista Antonio Vargas, na exposição “Fragmentos", brinca com as formas, cores, e cenas em imagens sedutoras que atraem o olhar e contém mensagens subliminares da violência. Nos quatro conjuntos de obras do autor ele mostra como o ser humano é induzido a aceitar a violência desde a infância, como parte do seu cotidiano, camuflando-a com uma película de beleza. A mostra abre para visitação no Espaço Multiuso da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), anexo à Reitoria, dia 5 de novembro (terça-feira), às 17h30.

 

Na produção das obras a emoção traduz um sentimento expressionista, os retratos das tias e tios - familiares de infância – são evidenciados com pinceladas gestuais fortes. Na primeira série de retratos o artista dá ênfase a figuras que remetem a sua memória afetiva, quando menino, ao frequentar a casa desses familiares. Suas obras, não só materializam essas pessoas - maravilhosas, mas algumas, na época, vistas como assustadoras pelo autor -, mas também consistem em uma maneira de recordar os cheiros, cores, estilos e comportamentos desse lugar do passado.

“A importância do brincar, por meio do lúdico pode ajudar na construção do ser, mas na nossa cultura pode ser direcionada para um campo onde o menino deve aprender a ser dominador com violência. Além disso o menino deverá ser um conquistador, um guerreiro e um herói, mesmo que isso lhe traga muitas dores", comenta o artista. Essas questões aparecem no segundo conjunto da mostra, que reúne brinquedos-objetos produzidos por Vargas. Todos são lúdicos, porém todos machucam.

A terceira série apresenta algumas obras de recortes, pinturas sobre MDF, um processo em que o artista cria as imagens, composições em uma lâmina retangular que depois é recortada e refeita com fragmentos de sobras e não de imagens principais. O quarto grupo de obras reúne paisagens contemporâneas, que mesclam fotografias de paisagens com cenas de terrorismo e conflitos políticos. Neste conjunto, as imagens reais de violência são apropriadas da internet, recortadas e seus fragmentos elaborados em “papéis de parede digitais", que depois são “rasgados" e inseridos em imagens de paisagens, numa metáfora da vida atual.   

A exposição tem curadoria da professora Ane Fernandes e da artista visual Luciana Knabben. “Ele recorta, fragmenta, une, pinta, desenha, se apropria de imagens da internet, brinca e transforma todas essas ações com tanta propriedade que resulta daí uma obra carregada de força", ressalta Luciana. Ane também fala sobre o olhar do artista e seus reflexos: “O trabalho de Vargas nos induz a pensar e repensar na “ inocência" das imagens, no desperdício das agressões, no que fazemos, aceitamos e o que poderíamos mudar em nossos mitos pessoais em prol de um universo digno de humanidade", afirma a professora.

A exposição é uma realização da Univali, por meio da Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e segue aberta à visitação até o dia 12 de dezembro, com entrada franca. As escolas e demais grupos interessados em agendar visita monitorada devem entrar em contato pelo e-mail galeriadearte@univali.br. Acompanhe o Instagram do espaço - @galeriadearteunivali.

Sobre o artista

Natural de Porto Alegre (RS), formou-se no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em pintura. Morou em Madri, na Espanha, onde trabalhou em diversas atividades artísticas como cenografia para cinema, ilustração para editoras e como artista visual fez esculturas e pinturas. Ainda na Espanha, fez o Doutorado em Artes na Facultad de Bellas Artes da Universidad Complutense. Em 1993, a convite do CNPq, voltou ao Brasil para atuar na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Hoje, ele segue na Universidade, vinculado à graduação e à pós-graduação. Sua produção artística é variada, envolve desenho, escultura, pintura e fotografias manipuladas digitalmente. Ele já fez exposições individuais e coletivas no Brasil, na Espanha, Portugal, Alemanha, Canadá e nos Estados Unidos.


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