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26/07/2019 | 09:20

Festa Nacional do Colono valoriza a tradição das comunidades rurais de Itajaí

A Festa Nacional do Colono celebra o trabalho dos colonos de Itajaí e já é marca registrada no calendário oficial de comemorações da cidade. O evento valoriza a agricultura e todas as comunidades rurais de Itajaí, com a preservação das tradições coloniais.

Os primeiros registros da festa em homenagem ao agricultor estão relacionados à Associação Rural. A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento realizava, por volta de 1966, uma missa de ação de graças voltada aos colonos. A partir de 1967, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais promovia uma festa anualmente em homenagem ao do dia do colono. O ano de 1971 foi o primeiro a contar com uma Rainha, cuja festa foi realizada no Parque Dom Bosco e organizada pelo mesmo sindicato.


Já em julho de 1981, ocorreu a primeira edição da Festa do Colono organizada pelo Município de Itajaí. O local escolhido foi o salão e campo de futebol de José Dallago, na comunidade do Quilômetro 12. Desde então, todas as edições do evento foram organizadas pela Prefeitura de Itajaí, por meio da Secretaria Municipal da Agricultura e Expansão Urbana. Os festejos eram itinerantes, conforme interesse de cada comunidade em sediar o evento e realizar as atividades gastronômicas e venda de bebidas. Desta forma, as celebrações já foram realizadas na Itaipava, Brilhante, Volta de Cima e Baía.

Em 1994, realizou-se a primeira expofeira de gado. O evento adquiriu importância e ranqueou várias raças de animais nacionalmente. No mesmo ano, a prefeitura adquiriu uma área de terras na localidade da Baía, onde hoje funciona o Parque Municipal do Agricultor de Itajaí e a partir de quando todas as festas aconteceram.

Os pontos altos da festa são a gastronomia, cultura, tecnologia agrícola e entretenimento. Isso se reflete nas comidas típicas, apresentações musicais e artísticas, exposições de animais e máquinas. São quatro dias de diversão para toda a família em um local agradável e seguro.

Arraial dos Cunha, Baia, Brilhante I, Brilhante II, Campeche, Canhanduba, Espinheiros (Portal I e II, Santa Regina e São Francisco de Assis), Espinheirinhos, KM 12 (Quilômetro Doze), Laranjeiras, Limoeiro, Paciência, Rio do Meio, Rio Novo (Colônia Japonesa), Salseiros, São Roque e Volta de Cima são as comunidades da área rural. O bairro Itaipava mantém os aspectos rurais, mas já está incluso na área urbana. Os locais dispõem de riqueza cultural e belezas naturais com características únicas.

Todos os dados deste texto foram organizados pela Secretaria Municipal de Comunicação de Itajaí. Conheça abaixo um breve relato da história e das características de cada localidade.

ARRAIAL DOS CUNHA

O número significativo de integrantes da mesma família Cunha deu origem à comunidade Arrayal dos Cunha, hoje, o Arraial dos Cunha. O coronel João Antônio da Cunha, junto da esposa Leonor Coreia da Cunha, deixou Portugal no século 19. O casal veio ocupar as terras doadas por Dom João III, em 1532, por meio de um sistema de cartas de doação que Portugal adotou para acelerar a colonização no Brasil.

A comunidade abriga o Centro Administrativo, que oferece os serviços da Prefeitura de Itajaí na área rural e está localizado no quilômetro 11 da Rodovia Antônio Heil. Se destaca na instalação de indústrias (artefato de cimento, pescados, vidros, piscinas, outros) e comércio (vinícolas, mercado, restaurante, lojas de roupas, posto de gasolina, reciclagem de materiais). Na atualidade, a principal fonte de renda é o cultivo do arroz irrigado.

BAÍA

A origem do nome se deu pelos inúmeros ribeirões que cortavam a rua principal. Ainda não havia uma ponte, portanto, os moradores passavam por dentro da água com carroças, bicicletas e a pé. Quando ocorriam alagamentos pelo aumento no nível e água, os antigos os chamavam de Baía.

O principal cultivo é o de hortaliças e a atividade de granja de ovos. É na Baía onde está localizada a Secretaria Municipal de Agricultura e Expansão Urbana e o Parque Municipal do Agricultor Gilmar Graf, sede da Festa Nacional do Colono.

BRILHANTE I E II

Nato Gastaldi, ao mergulhar o Rio Itajaí-Mirim, percebeu uma luz forte e brilhante presente na água. Depois, começou a chamar a localidade de Brilhante. É dividido em duas partes pela extensão territorial.

Com o início da urbanização, a comunidade do Brilhante I apresentou restaurantes, oficina mecânica, cervejaria e outros comércios. Na agricultura, prevalece o cultivo do arroz, melancia, pecuária, piscicultura e pesque e pague. Também é possível identificar vários sítios e chácaras.

O Brilhante II se destaca pelo cultivo do arroz, abacaxi, eucalipto, pecuária e encontram-se também chácaras, sítios e fazendas. Possui um empreendimento para realização de eventos e um empreendimento de lazer aquático. Tem apresentado tendência urbana, com o crescimento do comércio de padaria, agropecuária, mercado, oficina mecânica, facções de costuras e outros.

CAMPECHE

Já foi chamada de Morreti. Em homenagem a uma grande árvore do local, chamada Campeche, os moradores passaram a chamar a localidade com o mesmo nome. Os integrantes da família Quintino foram os primeiros moradores, por volta de 1860. A localidade à direita da Rodovia Antônio Heil (Km 14.400), sentido no Itajaí/Brusque. Apresenta características predominantemente rurais, com plantações de arroz irrigado (principal cultivo), milho, aipim, hortaliças e pecuária.

CANHANDUBA

Boa parte dos moradores desconhece a origem do nome da localidade, que fica às margens da BR-101 e que faz divisa com Balneário Camboriú. Possui armazéns de logística, madeireira, indústria de sebo, posto de gasolina e outros. É na Canhanduba que está localizado o Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí. O principal cultivo é o do arroz irrigado.

ESPINHEIROS E ESPINHEIRINHOS

Recebem este nome como homenagem à família do Sr. Bernardino José Pinheiro, primeira a habitar o local, no século 19. Outra versão é que havia a abundância de árvores “espinhosas” entre a vegetação da Floresta Atlântica. O local é dividido em Espinheiros e Espinheirinhos ou ainda em Espinheiro de Baixo e de Cima. Iniciou a ocupação de forma efetiva com a abertura da estrada geral, atual Rua Firmino Vieira Cordeiro.

Com o aumento da população, em 1930, a comunidade religiosa ergueu a primeira capela e cemitério do bairro, com Santo Antônio como padroeiro. Nos morros que circundam o bairro, como da Espinheira e da Boa Vista, existem diversas nascentes. Entre elas, a de maior volume de água: a nascente do Ribeirão da Murta, que drena o local até o Rio Itajaí-Açu.

A expansão urbana de Itajaí, entre 2000 e 2010, fruto principalmente do desenvolvimento portuário, causou a expansão imobiliária. Isso valorizou os terrenos mais distantes do centro do Município. Foram implantados novos acessos e loteamentos: Portal, Santa Regina e, recentemente, o São Francisco de Assis. Hoje, o principal cultivo é o de arroz, mandioca, feijão, milho, banana e hortaliças, além da pecuária.

QUILÔMETRO 12

É uma das comunidades que há mais tempo existe em Itajaí. Recebeu o nome por estar 12 quilômetros da Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e a localidade fica às margens da Rodovia Antônio Heil. Destaca-se pelo cultivo de arroz irrigado, maracujá, pecuária e tem fazendas com criação de cavalos. Apresenta características urbanas, com núcleos residenciais, instalação de empresas, comércio e serviços.

LARANJEIRAS

O nome é em razão de existir a plantação de diversos pés de laranja. Atualmente, o arroz irrigado garante a maior produtividade, mas cultiva o eucalipto, extrai a areia e mantém a pecuária. Um ponto importante é que existe no local o aeródromo para pequenas aeronaves, bem como inúmeras chácaras, sítios e fazendas.

LIMOEIRO

A origem do nome é incerta, mas acredita-se que a localidade possuía muitos pés de limoeiro, árvore que produz o limão. Do século 19 em diante, os primeiros trabalhos realizados foram por intermédio de escravos no plantio de cana e mandioca, processados nos engenhos movidos pela força do boi.

O Limoeiro está localizado na divisa entre Itajaí e Brusque. Tem marcas urbanas e a economia gira em torno de empresas do ramo de confecção, comércio, serviços e atividades agrícolas em pequenas propriedades rurais. Na comunidade, existe a tradição do cultivo do arroz em campos irrigados.

PACIÊNCIA

A falta De paciência de dois homens que abriam uma estrada na mata fechada com o objetivo de formar a comunidade originou o nome. Um caminhão os buscava para o almoço que atrasava sempre e ambos diziam que era necessária muita paciência para trabalhar. Cultiva o arroz (tradição desde 1973), hortaliças, aipim, frutas e pecuária. Hoje, apresenta traços residenciais de formação de núcleo urbano, com pequenos comércios e outros serviços.

RIO DO MEIO

Iniciou na chegada da família Garcia, próximo de 1800. O nome se dá por ser cortada quase ao meio por um rio. Parte da comunidade já foi, inclusive, chamada de Rio Conceição. A renda provém da agricultura: cultiva-se principalmente o arroz irrigado e são praticadas a avicultura e suinocultura. Também contém serraria, escola de campo de um sistema escolar privado e destaca-se um empreendimento de lazer aquático.

RIO NOVO

A retificação do Rio Itajaí-Mirim batizou a comunidade. Visto que muitos moradores vieram do Japão e por ali se instalaram e vivem até hoje, é conhecida popularmente como Colônia Japonesa. Surgiu na década de 1970.

É considerada como cinturão verde de Itajaí, já que o maior cultivo é de hortaliças: alface, agrião, couve-flor, repolho, etc. Alguns supermercados da cidade são abastecidos com as hortaliças e verduras desta comunidade.

SALSEIROS

Na área, às margens do Rio Itajaí-Açu, existia vários pés de salgueiro, a árvore comum em terrenos úmidos ou em beiras de rios. O nome surgiu já que moradores conheciam a árvore como Salseiros, então preferiram manter o nome. A árvore ainda existe no local.

A comunidade religiosa ergueu, em 1942, a capela inaugural do bairro em estilo gótico-romano próxima à estrada geral do bairro, atual rua César Augusto Dalçoquio. O padroeiro é o Nosso Senhor Bom Jesus. Sócios do grupo paulista Portland (atual Votoran) decidiram, em 1950, por construir a primeira fábrica de cimento em Santa Catarina e elegeram o Salseiros como sede. A construção da fábrica foi de 1953 a 1958, quando produziu-se o primeiro saco de cimento.

Depois da Secretaria Municipal de Urbanismo realizar estudos, o bairro Salseiros foi incluído definitivamente no perímetro urbano de Itajaí em 1984. Tem apresentado o desenvolvimento na infraestrutura urbana, com a implantação de novos acessos e loteamentos. O bairro Salseiros sedia empresas ligadas ao setor de logística, pesca industrial e construção naval. Conta com moderno terminal retroportuário privativo (TEPORTI), que incrementou a movimentação de cargas conteinerizadas no Complexo Portuário de Itajaí. Cultiva-se, principalmente, o feijão e a melancia.

SÃO ROQUE

Já possuiu o nome de Toca da Onça e trocou de nome porque a primeira Igreja construída no local tem São Roque como padroeiro. É nesta comunidade onde está a maior concentração de italianos em Itajaí. São Roque interliga Itajaí e Ilhota.

Já foi o maior produtor e exportador de gengibre itajaiense e, hoje, se destaca pelo cultivo de aipim, batata doce, milho, feijão, hortaliças, produtos derivados do leite e pecuária. Caracteriza-se também pelos galpões, pátios, armazéns de logística e comércio, pois o bairro faz margem com a BR-101.

VOLTA DE CIMA

Os habitantes do Salseiros e Espinheiros denominavam este local de Volta de Cima, pois ela fica às margens do Rio Itajaí-Açu, exatamente onde o curso do rio faz uma volta (curva). Os principais produtos cultivados são o arroz irrigado, feijão e melancia.

MENÇÃO HONROSA: ITAIPAVA

O nome em Tupi-Guarani vem das variações Itoupava e Itopava, com o significado “pedra que atravessa a água”. A região abrigou os bravios índios botocudos, como comprovam os sambaquis do local. Foram as primeiras terras no Vale do Itajaí que se destinaram a um empreendimento colonial. O aviso Real de 05 de janeiro de 1820, do Rei Dom João VI, autorizou Antônio Menezes Vasconcelos Drummond a estabelecer uma colônia em duas sesmarias junto ao rio Itajaí-Mirim. A colônia se chamaria São Tomás de Vilanova, mas não teve tempo de ser concluída porque Drummond retornou ao Rio de Janeiro. Na década de 1920, iniciou a construção da Capela de São Pedro.

Com a inauguração da ligação ferroviária da Estrada de Ferro de Santa Catarina entre Blumenau e Itajaí, em 1954, os trilhos atravessaram o bairro. Fixou-se uma estação de passageiros e cargas: a Estação Ferroviária Engenheiro Vereza. Então veio o fim do ciclo da madeira e o Governo Federal resolveu desativar a estrada de ferro, em 1971. A estação abrigou a Secretaria Municipal de Agricultura e a Subprefeitura do bairro. Na década de 2000, o prédio foi restaurado e transformou-se no Museu Etno-Arqueológico de Itajaí e possui um espaço que resgata a história da ferrovia no vale.

Apresenta características predominantes de condomínios residenciais, inúmeros armazéns, galpões, frigoríficos e empresas ligadas ao ramo da logística. Também possui olarias, mercados, oficinas mecânicas, restaurantes e vários serviços e comércios. As atividades agrícolas desenvolvidas são o arroz irrigado e hortaliças, criação de bovinos de corte e de leite.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Elizângela Regina. Raízes. Itajaí: Alternativa, 2004. 144 p.
POLETTE, Marcus; MARENZI, Rosemeri Carvalho; SANTOS, Caio Floriano dos (Org.). Atlas socioambiental de Itajaí.Itajaí: Univali, 2012. 305 p.
SANTA CATARINA. Azor Oliveira. Fundação Cultural de Itajaí. Itajaí: Realizando sonhos, ultrapassando fronteiras e definindo destinos. Itajaí: S/a Bureau Ltda., 2011. 270 p.
SANTA CATARINA. Município de Itajaí. Secretaria Municipal de Agricultura e Expansão Urbana. Dados Produtivos e Sociais do Meio Rural. Itajaí, 2019. 4 p.
SANTA CATARINA. Planejamento Estratégico do Município de Itajaí Pemi 2040. Secretaria Municipal de Governo. Itajaí em números: PEMI 2017. Itajaí, 2017. 85 p.


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