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18/10/2017 | 15:21

Entrevista com Luiz Carlos Prates; "Agora vem a campanha eleitoral com camaradas velhos que vão aparecer com carinha de jovem"

O jornalista Luiz Carlos Prates, 74 anos, apresentou ontem à noite a palestra “O Poder do Entusiasmo”. Por mais de duas horas ele falou para uma planteia formadas por empresários e moradores de Penha e região no Teatro Acqua, no parque Beto Carrero World. O evento foi organizado pela Associação Comercial e Industrial de Penha (Acipen)

Prates é conhecido pela língua afiada. Ele já trabalhou como comentarista do Jornal do Almoço, na época da RBS (hoje Grupo NSC). Hoje, exerce a mesma função no SBT Meio-Dia, de segunda a sexta, às 11h50min.

Antes da palestra, Prates conversou com o Jornal dos Bairros. Em pauta, eleição presidencial de 2018. Confira
 

Jornal dos Bairros – Qual deve ser a bandeira que o eleitor deve levantar na eleição presidencial de 2018?

Luiz Carlos Prates – Duas virtudes são absolutamente indispensáveis para um bom candidato: ele tem que ter competência administrativa, uma visão da sociedade, do mercado; e tem que ser uma pessoa honrada, honesta. Se conjugar competência com honra, será a pessoa ideal. Agora, a pergunta que eu faço é: onde anda esta pessoa?

JB – Dentre os que estão se posicionando como presidenciáveis, é possível retirar algum deles do cesto de pretendes ao cargo de presidente da República?

Prates – Nós temos candidatos com marcas diferenciadas. O [Jair] Bolsonaro, por exemplo, se propõe a uma administração voltada para o “Ordem e Progresso”. Precisamos disso. Há quem diga que ele não tem experiência administrativa. O outro [João Dória] tem experiência administrativa mas já está com a roupa suja. Então, fica difícil você escolher a pessoa que conjugue as virtudes. A obrigação é nossa, enquanto eleitores, de fazer o garimpo e achar a pepita. Eu imagino o seguinte: o Brasil deve ter uns 150, 20 extraordinários administradores. Empresários de alta qualidade que seriam maravilhosos presidentes da República. Só que não querem. Ele não vai sair da empresa e da vida dele para fazer um negócio em que você precisa de um grupo imenso de servidores, colaboradores, gente da tua confiança...quem é que tem todas essas pessoas? Tu tens dois, três conhecidos e o resto vai ser nomeado por amigos e desconhecidos. Quando te puxarem o tapete, tu não vai nem saber quem foi. Esse é um dos problemas.

JB – Quanto à palestra “O Poder do Entusiasmo”, qual a abordagem que você propõe à audiência?

Prates – Eu costumo, enquanto jornalista, recolher notícias interessantes. Notícias que são o resultado do que o povo faz. Nós produzimos os fatos: se são bons nós temos que melhorá-los; se são ruins, temos que corrigi-los. E para tu fazeres alguma coisa na vida, tens que estar entusiasmado; tens que acreditar nela; tens que se obstinar por ela. As pessoas, mais das vezes, querem um emprego e um ganho fixo, garantidos por estabilidade de concursos públicos. Não. Eu não posso fazer da minha vida um sucesso se eu trabalho só pelo salário. E as pessoas estão mais ou menos desmotivadas, olhando para os lados, procurando uma vida melhor. Sem se justificar do tentar fazer essa vida melhor. Elas querem como um milagre. E isso não existe. E com a popularização das mídias digitais eu minto pra ti, tu mentes pra mim, eu me deprimo porque sei que estou mentindo mas acredito na tua mentira e vice-versa. E estamos nos enganando. As fotos têm filtro. E agora vem a campanha eleitoral: camaradas velhos vão aparecer com carinha de jovem. Esses filtros e retoques na fotografia deveriam ser crime político. Uma determinada candidata que conheci, que eu achava uma gata, quando fui conhecer pessoalmente era uma senhora de idade. Eu fiquei constrangido. Uma idosa. Mas as fotos estavam retocadas. Isto faz parte da honestidade. Tem que parecer como é. E velhice não é cronologia, não é idade de nascimento. Velhice é um embrutecimento da cabeça. Essa é a pior das velhices. Agora: as pessoas não aceitam isso, mas nós temos que discutir essas questões para termos uma sociedade melhor.


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