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18/01/2013 | 10:03

Política - Por Carlos Bittencourt

 

Jandir foi pego de surpresa: agricultores pedem a volta de Rebelo à Secretaria de Agricultura

O prefeito Jandir Bellini foi pego de surpresa no final da tarde de terça-feira (15) quando dezenas de líderes das comunidades rurais do município de Itajaí foram ao seu Gabinete pedir pela permanência de Carlos Alberto Rebelo como Secretário de Agricultura do município. Rebelo foi exonerado no ano passado e o seu cargo está sendo negociado partidariamente, em razão das alianças políticas da última eleição, e deverá(ria) ficar com o PMDB, que indicou o nome de Artur de Jesus, que no mandato passado trabalhou como sub-prefeito de Itaipava.

O problema é que os líderes das comunidades rurais, todos “de peso”, foram bem enfáticos: “Por que mudar o que está dando certo?”, numa clara alusão ao competente trabalho que o ex-secretário fez nos últimos quatro anos na comunidade rural. E alguns chegaram a dizer que tradicionalmente votavam em outro partido, mas que pelo trabalho realizado pelo Secretário acreditaram na continuidade da administração e votaram no então candidato Jandir Bellini.

O Prefeito não disse que sim e nem que não. Que dependeria dos tais “acertos” políticos. O que os agricultores deixaram bem claro no encontro é que não aceitarão no cargo pessoas desqualificadas, que não têm identidade e conhecimento da agricultura de Itajaí, que é muito peculiar, principalmente porque não reúne grandes produtores, mas pequenas propriedades rurais.

Para quem a princípio possa imaginar que a manifestação tenha sido “armada” pelo ex-secretário, é porque não conhece o Rebelo. Primeiro, porque ele é amigo pessoal do prefeito e não iria   colocá-lo numa situação dessas só por causa do cargo que ocupava. Em segundo lugar, a representatividade de líderes rurais no encontro com o prefeito surpreendeu a todos, até mesmo Jandir Bellini, que esperava no máximo três, quatro agricultores. O número presente na audência mostra e prova que ela foi expontânea, sincera, como é o homem do campo, que pela importância que tem dentro da economia de Itajaí, espera no mínimo que o executivo o escute e faça o melhor por ele.

 

Cargos Vagos

Como se sabe, apenas alguns cargos de secretários e de autarquias já estão confirmados. Os outros, ainda permanecem em discussão com os presidentes dos partidos da base aliada. Na realidade é uma “briga de foice” pelo poder, cada um querendo sua parte. Mas essa parte depende muito da quantidade de votos que o partido conseguiu nas últimas eleições. O Prefeito Jandir Bellini continua mantendo as discussões e até o final deste mês deve realmente definir cada secretaria que continua acéfala.

Alguns nomes são cogitados e ditos como certos, como o vereador Lamin, na Habitação, Rogéria Gregório, na Famai, entre outros. Mas não foram oficialmente homologados, publicados no Diário Oficial, então ainda não é oficial.

Enquanto isso, as Secretarias sem secretários funcionam a “meia boca”, com outros secretários acumulando funções.

 

Surpresas

E nesta indefinição dos nomes que comporão o novo secretariado do governo Jandir Bellini algumas surpresas poderão surgir. Fruto, não muita vezes de competência para tocar a pasta, mas por imposição política dos partidos. Eu não queria estar na “pele” do prefeito Jandir Bellini porque qualquer irregularidade que algum secretário cometer, seja por vontade própria ou por ignorância, o prefeito responde em conjunto. E quem não tem conhecimento da estrutura de uma secretaria ou de como funcionam as burocracias no poder público, não é muito difícil cometer uma besteira que pode dar em processos.

 

Eleições 2014 e 2016

Toda essa briga de poder que existe hoje pelas secretarias municipais tem um único objetivo: o partido, ou quem o estiver representando no cargo, quer ficar em evidência visando as próximas eleições: a primeira, estadual, em 2014, e a segunda, municipal, em 2016.

As eleições em 2014 a Deputado Estadual tem pelo menos um candidato certo da base do atual governo: a vice-prefeita Dalva Rhenius. Do lado da oposição, Volnei Morastoni deve tentar a reeleição e Deodato Casas deve vir novamente. Mas isso é apenas uma primeira leitura. Muita coisa ainda pode acontecer, principalmente se outros partidos da base aliada resolverem também sair com candidatos próprios para testar nomes visando a eleição de 2016, que está totalmente aberta para qualquer um que se destacar nesses próximos quatro anos, porque o prefeito Jandir Bellini não concorrerá.

Nesse caso, haveria uma dispersão tão grande que colocaria em risco inclusive a eleição de um deputado estadual representando o município. Todos se lembram que Susi Bellini e Deodato Casas praticamente dividiram o mesmo eleitorado e Volnei Morastoni conseguiu entrar aos 45 minutos do segundo tempo, dependendo de votos dos municípios da região.

 

No comando, sem candidato

O prefeito Jandir Bellini é hoje, indiscutivelmente, o líder político de Itajaí. Pela sua competência, pelo seu carisma, pelo seu poder de articulação. Mas quem ele apoiará para substituí-lo em 2016? Nenhum político gosta de deixar um cargo, sem pelo menos fazer seu sucessor. Mas até agora, passados mais de três mandatos como prefeito, Jandir Bellini ainda não preparou uma pessoa para substituí-lo. Para exemplificar: tipo o Lula, que jogou suas fichas na Dilma e conseguiu elegê-la presidente. Jandir não tem, por enquanto, ninguém assim ao seu lado, que possa ser visto como seu sucessor.

Por isso se comenta tanto nos bastidores que a “porteira” está aberta, que qualquer um que se aventurar como candidato a prefeito em 2016 tem chances de sair vencedor. Claro que vão pesar nesta questão o trabalho político nos próximos quatro anos, ficar em evidência na imprensa, formar uma ampla base aliada... Mas certo mesmo, dizer que este é o nome que vai ganhar, ninguém em sã consciência pode afirmar ainda.

Será que o prefeito Jandir Bellini consegue nestes quatro anos que faltam preparar alguém que ele ache que tem o perfil parecido com o seu ou ele vai deixar cada um tentar se “criar” por si próprio, à sua sombra? E se ninguém se criar, todos chegarem em 2016 com as mesmas chances de se elegerem, quem ele irá apoiar? Alguém do seu partido, ou ficará neutro, ou como se diz na gíria, “lavará suas mãos”?

Existem analistas políticos que dizem que Jandir Bellini só dará seu apoio se houver concenso em torno do nome de um candidato. Mas isso será quase impossível, considerando que na atual conjuntura todos têm chances reais de comandarem o executivo. Pissete, Dalva, Deodato, Níkolas, Gern, Volnei entre tantos outros não escondem o desejo de serem candidatos a prefeito.

Jandir Bellini, depois de resolver a questão dos secretários, tem que começar a se preocupar com a sua sucessão ou corre o risco de ver em seu lugar alguém que não quer ou que não se alinha politicamente com ele.



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