O projeto “Clonagem e expressão de lipases e celulases prospectadas a partir de dados metagenômicos de oceano profundo”, que será desenvolvido pelo grupo de pesquisa em Genética Molecular Aplicada, do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar do Universidade do Vale do Itajaí (CTTMar/Univali), foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e receberá, da instituição, financiamento no valor de R$ 79,9 mil. O estudo consiste na avaliação de bactérias marinhas de profundidade quanto a sua diversidade e potencial biotecnológico para a produção de enzimas, as quais serão investigadas a partir de dados de metagenômica de sedimento e água marinha do Oceano Atlântico-Sul.

As enzimas prospectadas atendem as mais diversas aplicações industriais, entre elas a produção de alimentos, indústria têxtil, bem como a degradação de resíduos da agroindústria para posterior conversão em produtos com superior valor agregado como biocombustível. A pesquisa está relacionada com o projeto, já em andamento, de bioprospecção de bactérias lipolíticas e celulolíticas marinhas de profundidade, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e pelo Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (ICGEB), cujos resultados foram publicados na Revista Eletronic Journal of Biotechnology

Ambos os projetos estão associados ao Censo da Vida Marinha (Census of Marine Life), que consiste no levantamento da biodiversidade das regiões de cordilheiras de montanhas submarinas no Oceano Atlântico Sul, por meio do programa Mar-Eco Atlântico Sul, capitaneado pela Univali, e que levam em conta a necessidade de suprir a escassez de conhecimento da biodiversidade de águas profundas por meio da descrição e entendimento dos padrões de distribuição, abundância e relação trófica entre organismos que habitam a cordilheira Meso Oceânica do Atlântico Sul e áreas adjacentes.

O projeto, aprovado pela Fapesc, ocorre em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As informações geradas quanto à diversidade das enzimas alvo, contribuirão para melhor compreensão do potencial que o reservatório marinho apresenta, assim como, espera-se que o emprego da metagenômica ao estudo do ambiente marinho de profundidade, permita o reconhecimento de novas moléculas de relevância tecnológica com potencial para patenteamentos.