quinta, 28 de março de 2024
Economia
07/05/2012 | 14:54

Poupança: o que mudou e porque mudou

De longe, a poupança é a modalidade de investimento mais popular no Brasil. Ela foi criada em 1861 por Dom Pedro II para receber as pequenas economias das classes menos abastadas e assegurar, sob garantia do Governo, o resgate do valor aplicado quando solicitado, corrigido por juros de 6% ao ano.

Uma curiosidade: só em 1915, o governo autorizou a mulher casada a fazer uma poupança em seu nome próprio, caso o marido não se opusesse. Antes, só os homens poderiam ter uma caderneta.

Pelas regras do Banco Central do Brasil, boa parte do dinheiro que é aplicado na poupança deve ser destinada ao financiamento imobiliário. E isso é de suma importância para o desenvolvimento do país.

Atualmente, os poupadores que usam a poupança para aplicar seu dinheiro são remunerados mensalmente a uma taxa de juros de 0,5%, aplicada sobre os valores atualizados pela Taxa Referencial (TR).

Isso significa que, na média, a remuneração da poupança fica entre 6% e 7% ao ano. A grande vantagem dessa aplicação é que ela é isenta de imposto de renda. A desvantagem é que ela rende apenas no aniversário e, se você precisar do dinheiro antes, não terá o rendimento naquele mês.

De fato, a poupança é fácil de entender e conveniente. Por isso é tão popular. E por que o governo quer alterar as regras de remuneração da poupança?

Em 2009, o governo propôs ao congresso a cobrança de imposto de renda sobre rendimento da poupança. A medida não foi votada, mas os rumores de que as regras da poupança mudariam ficaram no ar.

O governo vem baixando a taxa básica de juros, mais conhecida como taxa SELIC. Essa taxa é quanto o governo paga de juros para quem aplica em títulos públicos federais. A SELIC é definida pelo Banco Central do Brasil e, nesse momento, (maio/2012) está fixada em 9% ao ano. Através dos títulos públicos o governo capta dinheiro para se financiar e os investidores recebem a taxa SELIC como retorno do investimento.

A ideia do governo é baixar a SELIC para reduzir o custo da dívida pública e favorecer o crescimento e a economia do país estimulando o consumo e o crédito. Mas, caso a taxa SELIC seja fixada em um patamar abaixo de 8,5% os investidores terão uma opção mais rentável que é a própria poupança, uma vez que sobre os investimentos em títulos públicos há cobrança do imposto de renda.

Ele quer evitar que o dinheiro dos títulos públicos migre para a poupança, prejudicando o financiamento público. Por outro lado, juros menores no Brasil podem sustentar o crescimento.

Por isso, o governo alterou as regras de remuneração da poupança. A partir de agora, para os novos depósitos, se a taxa SELIC for igual ou ficar abaixo de 8,5%, a poupança pagará 70% dessa taxa + TR. Muita gente precisa ficar atenta a essa mudança. Segundo dados do IBGE (fev/212), o valor total aplicado na poupança é 429 bilhões de reais.

Os poupadores precisarão reavaliar as novas aplicações da caderneta. Uma dica é migrar a aplicação para títulos públicos através do Tesouro Direto. Essa aplicação também é garantida pelo governo e rende mais do que a poupança, mesmo com as atuais regras e já considerando o desconto do imposto de renda. A aplicação inicial em títulos públicos gira em torno de R$ 200.

Outra opção é encontrar um fundo DI ou um fundo de renda fixa que cobra menos de 1% de taxa de administração. Infelizmente, no varejo, os bancos cobram taxas abusivas. Por isso, pesquise sempre.

Antecipe-se e busque mais informações. Compare as opções disponíveis para garantir uma boa rentabilidade para o seu dinheiro e faça a melhor escolha para o seu futuro.

*Autor: Leandro Corrêa ésócio da Patrimono, um agente de investimentos da XP Investimentos em Jaraguá do Sul.Ele é bacharel em Direito, pós-graduado em Finanças e Profissional CPA 20 – ANBIMA.


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