Em Itajaí há opções para curtir teatro, música, dança, oficinas culturais, artesanato, artes plásticas... Mas os destaques para os próximos meses são as exposições do Museu Histórico de Itajaí. Até o final de outubro, pelo menos três exposições temporárias estarão abertas gratuitamente ao público, além das expografias oficiais, que são as mostras de longa duração do Museu. O acervo museal pode ser conferido de terça a sexta-feira, das 8h às 18h, aos sábados das 9h às 13h e aos domingos das 14h às 18h.
Localizado na Rua Hercílio Luz, ao lado da Casa da Cultura Dide Brandão, o prédio inaugurado em 1925, através de um vasto acervo eclético, preserva e apresenta toda a dimensão sócio-econômica e política da cidade. “Já passou o tempo em que o Museu era um lugar para expor pertences antigos. O atual museu é dinâmico, é vivo, ele respira e dialoga com outros setores da sociedade”, salienta Agê Pinheiro, diretor do Museu Histórico de Itajaí.
Com esse propósito, de dialogar com a sociedade, que uma das exposições temporárias, “Mulheres no Espaço Republicano: Memórias de Trajetórias de Vida, ou suas Representações – 1925/1945” foi projetada. São 32 chapéus expostos com 32 histórias (em papel), de mulheres que enfrentaram os desafios desse período. “O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Centro de Convivência do Idoso de Itajaí (CCI). No final da exposição, as participantes serão homenageadas”, conta Agê.
O chapéu número 26, de cor clara com flores e lenço marrons, conta a história de Dona Euza Ratzinger Netto, que em 1947 se tornou fotógrafa, atividade até então, exclusiva dos homens. Dona Euza, assim como todas as participantes do projeto, tiram o chapéu para a sua própria história. O chapéu 09, de cor branca, representa a memória de Edla Marcelina, que em 1942 criou sua própria bermuda para os afazeres domésticos, o chapéu 12 é de Dona Zeli Venâncio da Silva, ela escreve sobre o difícil desafio de se tornar mãe solteira na década de 50. Já o chapéu 36 representa a história de Ivanilde de Abreu Corrêa, que aos 75 anos tomou coragem de realizar seu sonho, o de aprender a ler.
A exposição “Mulheres no Espaço Republicano” integra o programa do Ministério da Cultura, intitulado 5ª Primavera nos Museus, que neste ano tem como tema “Mulheres, Museus e Memórias”. A exposição estará aberta até 27 de outubro.
“Bens Perecíveis – Trabalho, Consumo e Memória” também integra o roteiro de exposições temporárias do Museu Histórico de Itajaí. A mostra tem como objetivo a reflexão da influência dos meios de comunicação dos últimos 50 anos na sociedade itajaiense. Na sala da mostra, em audiovisual é apresentado o poema “Vou-me embora pro passado” de Jessier Quirino, que aborda diversos questionamentos, como: o que é necessário para viver? O que é consumido por excesso? Objetos de cozinha, beleza e lazer completam a exibição. “A mostra traz a reflexão de como era e de como é o consumismo. Atualmente consumimos sem real necessidade. Estamos impulsionados pela indústria do consumo”, aponta Agê. A exposição segue até o dia 30 de outubro.
Localizada no subsolo do Museu, ambientado com iluminação especial, sonorização e vídeo, a terceira exposição temporária intitulada Onde Você Pisa – Engenharia do Habitat traz à tona curiosidades sobre os elementos arquitetônicos dos prédios de “Itajahy” do início do século XX.
O visitante poderá conferir banners com uma série de imagens dos casarões de Itajaí, como a Casa Malburg, Casa Konder e Casa Burgardt. As obras são resultados das ampliações dos desenhos feitos em lápis de cor, pelo artista plástico Luis Uberti. Acompanhados dos banners estão elementos utilizados para construção das Casas e objetos originais. O Palácio Marcos Konder, por exemplo, está acompanhado do primeiro cofre do município, vindo da Inglaterra. Juntamente com o banner da Casa Konder está exposta a novidade da época, telha francesa.
O subsolo ainda conta com um vídeo com projetos modernos que estão sendo pensadas para Itajaí. Um verdadeiro contraste. “A ideia da mostra é que o visitante perceba que antes não havia muito planejamento de ocupação, hoje, projetar é uma necessidade, mas não podemos projetar o futuro e esquecer o passado”, explica Agê. A exposição seguirá até dezembro.
Com o intuito de aproximar alunos da instituição, o Museu Histórico de Itajaí desenvolve ações de educação patrimonial, que como explica Agê, está relacionado à dois aspectos: o material (palpável) e imaterial (campo da memória). O programa “Meu olhar sobre o Museu” atende crianças de 1ª a 5ª série com visitas guiadas por todo o acervo museal. “As crianças recebem instruções de como se comportar no Museu, informações sobre a importância de preservar a história e o patrimônio. A visita dura em torno de 2 horas e podem ser agendadas na instituição.
Já o projeto “Bom Museu” iniciou em maio deste ano e é direcionado aos adolescentes de 6º ao 9º ano. O objetivo do projeto é inserir o acervo museal nas atividades aplicadas em sala de aula. Para isso, os educadores passam por uma formação continuada, onde planejam as aulas e as relacionam com o Museu. “Como, por exemplo, um professor de matemática pode organizar uma visita ao Museu para estudar ângulos e vértices com os elementos arquitetônico do prédio, ou o professor de química pode propor aos alunos a análise das composições dos produtos de décadas atrás”, exemplifica Agê.
Para o diretor do Museu Histórico de Itajaí, a instituição deve ser vista como um equipamento público de cultura de patrimônio na educação. “O acervo museal não pode ser mais entendido como apenas expositivo, o acervo é um equipamento de cultura que deve ser utilizado nas escolas, nas comunidades e estar cada vez mais inserido no cotidiano das pessoas”, conclui.