quinta, 28 de março de 2024
Cultura
Pimheiro no lançamento do livro A Nova Ericeira
12/11/2010 | 00:00

Itajaí não foi colonizada por açorianos

Jornalista descobre que o litoral norte de SC não foi colonizado por portugueses vindos das Ilhas dos Açores. Mais de 80% das famílias vieram da região da Ericeira, no continente.

 

O resgate cultural que muitos professores e historiadores fazem da nossa região estaria equivocado, segundo a pesquisa do jornalista Rogério Pinheiro. Ele descobriu que o litoral norte de Santa Catarina não foi colonizado por açorianos – portugueses das Ilhas dos Açores. “Cheguei a esta conclusão depois de analisar mais de cinco mil documentos datados entre 1814 e 1930. O resultado foi uma grande surpresa para mim. Afinal, eu me considerava açoriano antes de fazer a pesquisa”, explica.

Segundo Pinheiro, cerca de 300 famílias, a maioria formada por pescadores, vieram da freguesia da Ericeira, em Portugal, distante 40 quilômetros de Lisboa. Em 1818, Dom João VI criou a colônia que compreendia os municípios de Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Governador Celso Ramos (Ganchos), Itapema, Porto Belo e Tijucas e a denominou Nova Ericeira.

Pinheiro constatou que 80% dos descendentes portugueses, de Governador Celso Ramos a Navegantes, são do continente português, de Ericeira e outras cidades. “A população formada por descendentes do arquipélago dos Açores é minoria nesta região do Estado”, destaca o jornalista.

A pesquisa resultou em um livro: A Nova Ericeira. A obra do jornalista Rogério Pinheiro foi publicada pela editora Nova Letra e está à venda na Livraria do Edir, na Fundação Genésio Miranda Lins e no Sebo Casaberta, por R$ 12.

 

Herança dos colonizadores

Pinheiro divulgou seu livro, recentemente, em Portugal e Espanha. Na cidade portuguesa Peniche, o jornalista identificou algumas semelhanças com a região de Itajaí. “Peniche vive da pesca e tem características muito parecidas com a de Itajaí. Também nesta cidade existe a mais antiga e conhecida escola de rendeiras de bilro de Portugal, tradição que ainda existe em Florianópolis, por exemplo”, destaca Pinheiro.

Uma curiosidade fortalece a constatação do jornalista. No Arquipélago dos Açores não existem mais rendeiras especialistas em bilro. Ao contrário das cidades portuguesas do continente, como Peniche e Ericeiras. Pinheiro também destaca outra curiosidade que descobriu em sua pesquisa: “a esposa do fundador de Itajaí, Agostinho Alves Ramos, nasceu em Peniche”, conta.

Na região da Ericeira, a farra do boi é conhecida como touradas populares. Era praticada em mangueirões na praia, “da mesma forma como era feito aqui antigamente”, diz Pinheiro. “Em Portugal, entrei em contato com o professor e doutor, Manuel Gandra, da Universidade de Lisboa, que já esteve em Santa Catarina. Segundo o professor português, a festa do Divino, tão relacionada à cultura açoriana, não é praticada nos Açores e sim no continente e também na Ilha da Madeira. O professor chegou a alertar o Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC, mas não foi ouvido”, afirma Pinheiro.

 

A Nova Ericeira

O livro de Rogério Pinheiro conta a trajetória de dez famílias descendentes dos colonos vindos da Ericeira, nos últimos 191 anos. São nove histórias ambientadas nas cidades catarinenses de Itajaí (1945), Bombinhas (1904, 1980 e 2007), Porto Belo (1818 e 1949), Navegantes (1947 e 2008), a paulista Santos (1955), a gaúcha Rio Grande (1975) e a portuguesa Ericeira (1818).


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