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Geral
13/08/2010 | 00:00

Casa de Migração de BC atende moradores de rua

 

 

A Casa de Passagem do Migrante, instalada no município de Balneário Camboriú, surgiu pela necessidade de um local para abrigar e atender os moradores de rua. A maioria dos atendimentos são realizados às pessoas que vêm para Balneário em busca de melhores condições de vida, mas se deparam com uma realidade diferente da planejada, não tendo para onde ir e muitas vezes, nem mesmo dinheiro para voltar pra casa. Andarilhos e mendigos encontrados pelas ruas do município também recebem atendimento.

 

Uma kombi passa pelos bairros da cidade em busca de moradores de rua e os funcionários oferecem os atendimentos prestados pela Casa de Migração. Em 2010 já foram registradas mais de 970 orientações a estes moradores. “Há alguns anos a kombi da Migração era temida, hoje realizamos uma abordagem mais humana, como se fosse uma relação de amigos, compreendemos mais as pessoas que vivem na rua. Ao encontrá-las explicamos o nosso serviço e orientamos para irem com a gente, alguns aceitam outros não. Apesar de querermos fazer o bem, não temos o direito de intervir no ir, vir e permanecer das pessoas”, conta o Diretor da Casa, Paulo Roberto de Souza.

 

 

Segundo o Diretor Paulo, eventualmente são atendidos moradores de cidades vizinhas, já que a Casa de Migração de Balneário é uma das únicas instituições que realiza este tipo de atendimento. Homens e mulheres que aceitam ser levados para a Casa de Migração podem permanecer na instituição por até 48 horas. “Neste período a pessoa pode se instalar na casa, tomar banho, comer e contatar a família, claro que algumas pessoas não conseguem resolver os problemas em 48 horas, dependendo do caso, o prazo é ampliado”, explica o Diretor.

 

Diretor da Casa de Migração - Paulo Roberto de Souza

 

Na maioria dos casos, os moradores precisam apenas da passagem de volta para a cidade de origem. Já outros moradores necessitam de encaminhamento a Centros de Recuperação, todas as despesas são por conta da Prefeitura de Balneário, através da Secretaria do Desenvolvimento e Inclusão Social, que é responsável pela administração da Casa. O Diretor Paulo Roberto, conta que se algum morador passar pela Migração mais de duas vezes não é mais recebido. “Fica claro que a pessoa não quer ser ajudada. Então a Casa não atende mais”, salienta Paulo Roberto.

 

Diariamente são recolhidos cerca de 10 moradores e direcionados à Casa, que tem televisão, dormitório, café, almoço, jantar, livros, horta e animais. “Eu já fui alcoólatra e mendigo, só precisava de uma ajuda, como esta que a Casa de Migração oferece. Ser tratado com dignidade e respeito mesmo quando se está na rua faz uma grande diferença na vida das pessoas”, desabafa o Diretor Paulo Roberto, ex-alcoólatra e mendigo.

 

Aberta de segunda à segunda, inclusive feriados, a Casa de Migração conta com um monitor durante o dia e no período noturno a presença de um vigia. Rafael, usuário de drogas desde 2005, acolhido pela Migração na semana passada, conta que vai iniciar tratamento para dependentes químicos, sua família reside em Itajaí. “Meus familiares têm vergonha de mim, mas eu vou sair dessa e vou voltar a trabalhar”, conclui.

 

 

Para o Diretor da Migração, o que leva as pessoas a irem para as ruas é a desestrutura familiar, indústria do álcool e a falta de ensino fundamental qualificado. “Eu fui vítima do alcoolismo, meus tios ofereciam cerveja e falavam que se eu não bebesse eu não era um homem de verdade: é a cultura do ‘beber não faz mal’, hoje estou curado ajudando pessoas que estavam na mesma situação que eu”, conclui Paulo Roberto.


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