quinta, 28 de março de 2024
09/07/2010 | 00:00

Paratleta de Itajaí é exemplo de superação

 

 

“Tudo começa dentro de casa, com a própria família”, afirma Marlete Bittencourt quando questionada sobre o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida dos deficientes. Mãe do paratleta Fernando Bittencourt, Marlete conversou com o Jornal dos Bairros e nos contou a história de superação de dificuldades que o deficiente físico tem que enfrentar. No 6º representando Itajaí.

 

Fernando é deficiente físico, tem o segundo grau completo, pinta quadros e joga bocha paraolímpica. É muito esforçado, muito inteligente e atualmente está se dedicando por completo ao esporte. Futuramente, Fernando que ir para a faculdade, mas por enquanto ainda não há tempo porque ele tem que praticar o esporte.

 

Fernando começou a praticar o esporte em 2006 treinando, em 2007 ele já participou do Parajasc e ganhou a medalha de ouro, em 2008 ganhou a medalha de Prata e em 2009 ganhou a medalha de ouro e classificou-se para o Brasileiro onde ganhou medalha de prata em duplas. Este ano Fernando já se classificou no sul-brasileiro e em outubro ele irá participar do Brasileiro em Minas Gerais.

 

Marlete, mãe de Fernando, explica que não vê dificuldades grandes. Afirma que ainda existem as dificuldades de acesso, que em algumas cidades é precário, com pouco acesso de locomoção. Diz que ainda são poucos os ônibus adaptados nas cidades, mas afirma que não deixa de fazer nada por este motivo. Marlete tem carro, mas fala isso pensando nas pessoas que não têm como se locomover. Informa que anda bastante a pé e diz que hoje os acessos aos locais está melhorando gradativamente. “Hoje as pessoas estão se preparando para receber o deficiente físico”, diz.

 

As cidades ainda têm que trabalhar bastante a acessibilidade. Em termos de transporte algumas coisas já foram encaminhas inclusive em Itajaí. Em algumas ruas do centro já se pode ver esta preocupação mas nos bairros a situação é bem complicada para estas pessoas. Além de todas estas dificuldades também tem o preconceito da sociedade e da família. “Os preconceitos dentro de casa têm que acabar. Os deficientes têm que ir para as ruas para que a população tenha a noção de quantos deficientes existem para que a sociedade e os governos se sensibilizem e melhorem o acesso e criem mais políticas de inclusão. O Estado tem que estar preparado para amparar estas pessoas e oferecer serviços básicos como educação de qualidade. O que tem que ser feito é tratá-los como pessoas normais e proporcionar acessibilidade”, conta.

 

 

A inclusão

 

“Eu não sei como o Estado vê a inclusão. Numa sala de aula normal, uma pessoa como o Fernando pode atrasar muito os demais alunos da sala. Se não houver ninguém para ajudá-lo ele não vai aprender nada. Então eu não colocaria meu filho numa sala de aula sem acompanhamento, ou seja, para não aprender nada. A questão da educação tem que ser muito bem estudada. Não adianta falar que há inclusão se o aluno deficiente está numa sala de aula convencional sem acompanhamento e não aprende nada. Então se forem colocados em uma sala separada com outros alunos deficientes e houver acompanhamento acredito que será mais produtivo. Ai sim haverá inclusão. Aprendendo a ler e a escrever eles poderão se inserir com mais facilidade na sociedade. O simples fato de estar dentro da sala de aula não é inclusão”, afirma.

 

Fernando tem 28 anos. Na época que ele começou a estudar, as escolas não aceitavam bem o deficiente, pois, ainda não existiam as políticas de inclusão como há hoje. Marlete conta que tem uma prima que fez todo esse trabalho com deficientes e ajudava estas crianças com dificuldades na escola. “Quando eu a procurei ela disse que não tinha condições de ajudar o Fernando, mas que iria verificar. Ela se preparou por um ano e então começou a dar aulas de alfabetização para ele”. Sobre a escolha da faculdade, Fernando está em dúvida entre os cursos de Jornalismo e Direito. Direito porque ele tem um irmão que é formado em Direito. Jornalismo porque ele gosta muito de escrever.

 

Fernando entende tudo, a comunicação é realizada através das mãos. A contagem do alfabeto é realizada através dos dedos. “Se são 10 dedos eu sei que é a letra J. Com mais 5  sei que ele quer dizer a letra P”, afirma Marlete. Para escrever Fernando utiliza uma ponteira parecida com a que usa para jogar bocha. A ponteira fica presa à cabeça e ele vai apertando letra por letra no teclado, como se fosse aprendendo a digitar, uma letra de cada vez.

 

Sobre a prática do esporte, Marlete conta que se não fosse a Aline Barros da FMEL, hoje não haveria a bocha paraolímpica e atletas como o Fernando não estariam competindo no Parajasc. “Ela batalhou muito para que tudo isso tenha se tornado realidade. Ela foi quem começou a treinar o Fernando e que correu atrás para que todos estes títulos tenham se tornado realidade” finaliza a mãe orgulhosa.


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