terça, 16 de abril de 2024
Fundação Genésio Miranda Lins
11/06/2010 | 00:00

Itajaí: 150 anos de História

 

Os textos sobre a história de Itajaí e sobre os bairros tiveram como fontes: Fundação Genésio Miranda Lins, Professor Edison d’Ávila e Thayse Fagundes

 

Itajaí, significa “rio que corre sobre as pedras”, em função do nome do rio a cidade já experimentou diversas variações: “Táahy”, “Tajay”, “Tajahug”, “Jatajahy” até que em 1799 o nome se fixou na forma atual, Itajaí.

 

De 1500 a 1700, mais de 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil-Colônia. Portugal temia invasões espanholas no Sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, áreas estratégicas, pois o litoral permitia o abastecimento de água e alimentos às embarcações. Contudo, somente no século XIX, foram dados os primeiros passos para uma ocupação mais efetiva do território, com políticas de povoamento para o Sul. No entanto, já eram, encontrados nos sesmeiros que aqui haviam se estabelecido, pequenos lavradores e pescadores vindos de Paranaguá, São Francisco do Sul, Armação do Itapocorói, Porto Belo e Desterro.

 

 

Os primeiros passos para a ocupação de Itajaí são atribuídos a dois nomes: Antonio Menezes de Vasconcelos Drummond (1820) e Agostinho Alves Ramos (1824). Nomes que representam o início da fundação do primeiro núcleo urbano. Em 05 de fevereiro de 1820, Drumond recebeu ordens do Ministro de Portugal para estabelecer uma colônia em terras da região. Montou um engenho de serrar madeira e um pequeno estaleiro. Iniciou a plantação de milho e feijão, construiu o primeiro barco, a sumaca São Domingos, que levantou ferros oito meses, em direção ao Rio de Janeiro, levando um carregamento de cereais e madeira.

 

Vasconcellos Drumond, em 1821 recebeu ordens de Portugal, para suspender as obras e regressar para a Corte. Seu sucessor foi escolhido, por ser o mais graduado da colônia na época, o coronel Agostinho Alves Ramos, que ao final de 1823, estabeleceu-se, em terras do Município, onde organizou e civilizou o povoado. Criou um curato, do Santíssimo Sacramento, providenciou a vinda do religioso Frei Antônio Agote, construiu a capela e o cemitério. Posteriormente o curato virou freguesia.

 

Pela lei n.° 464, de 4 de abril de 1859, a paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí era elevada à categoria de Vila. No ano seguinte, em 1860 no 15 de junho, Itajaí desmembra-se de Porto Belo. Tornando-se município.

 

Desde a fundação de Itajaí em 1824, e pelos cem anos seguintes, o seu aglomerado urbano tendeu sempre a se desenvolver ao longo da margem do rio Itajaí-açu e da Praia da Fazenda, seguindo as direções Norte e Sul. Para o sul, seguia na direção da Fazenda, região com moradores estabelecidos desde 1793, anteriormente, portanto, à fundação do próprio núcleo do centro da cidade. Para o norte, a expansão urbana se fazia em direção ao núcleo colonial da Barra do Rio, principalmente após 1850, quando ali o Dr. Hermann Blumenau, fundador da cidade de Blumenau, construiu o galpão de recepção dos imigrantes recém chegados da Europa, e onde foram se fixando moradores brasileiros e imigrantes.

 

Com a transferência do primeiro cemitério para os terrenos onde agora está edificada a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, deu-se a abertura definitiva da Rua da Matriz, hoje Rua Hercílio Luz; primeiro passo para a ocupação da zona oeste da cidade. Essa ocupação tardava por causa de dois obstáculos geográficos: o ribeirão da Caetana, que obstruía a passagem para o oeste e os baixos e alagadiços que formavam as áreas marginais deste mesmo ribeirão.

 

Em 1880, após a grande enchente daquele ano, quando o rio Itajaí-mirim desviou do seu curso normal e invadiu a cidade em direção ao mar e aprofundou demasiadamente o ribeirão da Caetana na sua parte final, praticamente isolando a cidade pelo lado norte, a municipalidade de Itajaí resolveu abrir uma nova via, que partindo da frente do novo cemitério, chegasse até o rio Itajaí-acu, permitindo um novo acesso para a Barra do Rio que é a atual Rua Tijucas. A abertura da Rua Tijucas favoreceu ainda mais a ocupação oeste, pois que do seu entroncamento com a Rua Silva, fez-se no começo deste século o prolongamento deste até o “Caminho dos Alemães”, ou “rua do Rio Pequeno”, atualmente denominada Rua José Pereira Liberato. Com a Rua Silva aberta em toda a sua extensão, grandes áreas altas e secas, depois dos alagadiços das margens do ribeirão da Caetana, puderam ser ocupadas.

 

150 anos de existência

 

No dia 15 de junho, Itajaí completará 150 anos de sua emancipação política e administrativa, que significava à época ter sua Câmara Municipal, seus governantes, poder fazer suas próprias leis. Os 150 anos não se referem ao começo de Itajaí, que se deu anos antes, em 1824, com a criação do Curato do Santíssimo Sacramento.

 

Algumas questões relevantes de caráter histórico e social devem ser apontadas nos acontecimentos da criação do Curato e do Município de Itajaí. Ambas as iniciativas tiveram a participação de todos os moradores, embora nos documentos oficiais somente assinassem os letrados e detentores de boas posses, que não omite a certeza de que tantos não letrados ou desprovidos de qualquer posse significativa tivessem parte na construção do futuro Município.

 

Merece ser considerada a visão de futuro dos moradores de Itajaí, quando asseguraram aos governantes da então Província de Santa Catarina que a região era estratégica e que se devia apostar nas amplas possibilidades de progresso que ela oferecia. Autenticada hoje esta visão, o lema das comemorações deste ano é: "Itajaí, o futuro está aqui". Será comemorada em 2010 com festa e orgulho, a história construída pelos itajaienses, durante estes 150 anos.

 

 VILA OPERÁRIA

 

 

O Bairro da Vila Operária deveu sua fundação à Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada Construtora Catarinense, uma sociedade cooperativa habitacional fundada em Itajaí em 29 de setembro de 1924. O idealizador desta sociedade habitacional foi o empresário e político itajaiense José Eugenio Muller (1889/1963), cuja sensibilidade para o social e a causa operária, fizeram-no depois líder de Revolução de 1930 no Vale do Itajaí.

 

 Para cumprir com estes seus fins sociais, a Construtora Catarinense adquiriu em 1925, de ambos os lados da Rua Silva vasta extensão de terra dos senhores Alberto Pedro Werner e Paulino Salgado & Cia. para a fundação da primeira “Vila Operária” de Itajaí; destinando a área ao Sul para a construção da Vila Operária. Foi o primeiro bairro surgido na região oeste da cidade e o primeiro planejamento preliminarmente.

 

No mês de maio de 1925, a diretoria da Sociedade Cooperativa se reúne para deliberar sobre as denominações a serem concedidas à Vila Operária e respectivas ruas. Após a discussão da várias idéias apresentadas, resolveu a diretoria, por unanimidade, que como homenagem aos relevantes serviços prestados àquela sociedade pelo governador do Estado de Santa Catarina, fosse concedida à vila a denominação de “Vila Operária Pereira Oliveira”. O mesmo critério estabelecido nesta escolha foi seguido no que se refere às ruas e praças às quais se ligaram nomes de pessoas que contribuíram com seus esforços e boa vontade para a fundação da Sociedade e o desenvolvimento de suas atividades. Assim às praças foram concedidas as denominações de “Marcos Konder” e “1º de Maio”, esta última em homenagem ao operariado, cabendo às ruas os nomes seguintes: Alberto Werner, Andrade Müller (hoje, José Eugênio Müller), Alfredo Trompowsky e João Gaya. Nesta mesma reunião, o presidente José Eugênio Müller comunicou a decisão do governador Pereira Oliveira de destinar 15 contos de réis para a construção do grupo escolar, inaugurado em 12 de outubro de 1928, com a denominação de “Grupo Escolar Lauro Müller”.

 

 

 

MATADOURO OU NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

 

O bairro Matadouro deriva seu nome do grande matadouro público ali edificado em 1908. A construção municipal destinava-se ao abate de gado bovino e animais suínos. Até os últimos anos de 1930, as terras públicas circunvizinhas ao Matadouro tinham poucos moradores carentes, o que permitiu a construção de casebres para moradia. Depois da inauguração da linha ferroviária Itajaí/Blumenau, em 1954, grande quantidade de pessoas carentes do interior do Vale do Itajaí, trazidas pelo trem e tentadas a buscar melhorias, invadiu os terrenos públicos daquela área e iniciou a ocupação desordenada.

 

Nos anos 50 e 60, a cidade tomou conhecimento da “Favela do Matadouro”, causando preocupações aos poderes públicos, igrejas e instituições de atendimento social. Um grupo de senhoras católicas inaugurou a Capela de Nossa Senhora das Graças que depois se tornou o Grupo Escolar Carlos de Paula Seara, com o intuiro de prestar antedimento aos jovens. Posteriormente Padres fundaram o Parque Dom Bosco, em 1961.

 

A desordenação e a favelização do bairro se acentuavam. O governo municipal, pela primeira vez criou política de ordenação do uso do solo, dando título de posse da terra a diversos moradores, no período 1970/1973. Um programa de desfavelização do bairro aconteceu somente em 1980, quando o município desapropriou a área onde se construiria o Presídio de Itajaí e removeu dezenas de famílias para o Conjunto Habitacional Promorar I, no bairro São Vicente. Outras melhorias públicas também contribuíram para a gradual superação de algumas das muitas deficiências urbanas e sociais do bairro, que a partir dos anos 80 passou a ser chamado de Nossa Senhora das Graças.

 

 

 

RESSACADA

 

O bairro Ressacada é relativamente jovem, sua ocupação se deu a partir da década de 60. Esta demora deve-se pelas péssimas condições do solo, que eram alagadiças, impedindo assim a ocupação habitacional. Isto explica porque os moradores do bairro Nossa Senhora das Graças não avançaram para esta área com a crescente favelização da década de 40.

 

Devido a esta condição, nas décadas de 50 e 60 a região era ocupada por pastagens e plantações de arroz. Para caminhar por este local precisava-se rachar troncos e fazê-los de passagem. Próximo ao morro havia até um batedor de arroz para o pré- beneficiamento da produção.

 

A primeira ação para construção dos loteamentos, foi a drenagem do local. A partir daí fez-se a tubulação do esgoto, rede elétrica, encanamento de água, etc. O sucesso para a ocupação se deu pela apresentação de um planejamento organizado e que exaltava um ambiente entre montanhas longe da agitação do centro urbano mas, de fácil acesso,um refúgio prático.

 

A Ressacada possuía uma beleza natural tão exuberante quanto a diversidade de fauna e flora, que em 1994 iniciou-se um movimento para a criação de um Parque Ecológico ali. A idéia não se materializou, devido ao alto custo. Em 1999 o bairro já contava com 300 famílias e os problemas de infra-estrutura do local começavam a ser expostos. O planejamento organizado exaltado em 1977 já não supria as necessidades da comunidade, não havia praça, posto de saúde, quadra de esportes. A vala a céu aberto na Rua José Siqueira que deveria ter água limpa, como um ribeirão, já que seu início era em uma cachoeira, tornou-se um depósito de esgoto clandestino e poluição. Atualmente o bairro é considerado área nobre de Itajaí, localizado próximo ao centro e possui acesso rápido pela Avenida Contorno Sul.

 

 

SÃO JUDAS E DOM BOSCO

 

As terras do sudoeste da cidade Itajaí, compreendidas entre a Avenida José Eugênio Müller e a rua José Pereira Liberato, desde a região do Fiúza Lima até a rua Brusque, pertenciam originariamente a José Tedéo e José Galle.

 

Desde 1929, Carlos de Paula Seara foi adquirindo partes da herança dos filhos de José Tedéo. Construiu sua residência e implantou promissor sítio para criação de gado leiteiro. A partir de 1953, loteou as terras que compreendem as atuais ruas Francisco de Paula Seara, Joaquim Falco Uriarte, José Tedéo e as transversais, ruas Aristides Palumbo, Aníbal César e Ângelo Rodi; dando também continuidade à rua Indaial que, desde a fundação do Asilo Dom Bosco, começada em 1936 e concluída em 1951, ia tão só às suas imediações. Por muitos anos esta área urbanizada ficou conhecida como “Lito Seara”.

 

Manoel Ferreira de Macedo e Fábio Cesário Pereira também lotearam as terras das ruas Rosendo Claudino de Freitas, Willy Henning e Ciriaco Meirinho; enquanto Gervásio Klock fazia o mesmo com as terras de sua propriedade no final das Avenidas Getúlio Vargas e Duque de Caxias.

 

A faixa compreendida entre a rua Francisco de Paula Seara e a rua Brusque, que pertencia a José Galle, depois adquirida de Silvestre Schmitt por Leopoldo Zarling, foi posta à venda em 1961 com a denominação de “Loteamento Dom Bosco”, surgindo o nome do bairro.

 

Já as terras acima da rua Indaial – por onde corria a ramal ferroviário rumo ao porto, cuja construção se iniciou em 1959 – foram vendidas em lotes por diversos proprietários, dentre eles os já citados Carlos de Paula Seara (loteamento Dona Maria) e Fábio Cesário Pereira.

 

Estas novas áreas urbanizadas atenderam em princípio à grande demanda por habitação por parte do operariado itajaiense, cujo crescimento avultou na década de 1950 por conta do grande comércio de madeira do porto de Itajaí. Das cidades circunvizinhas, deslocou-se grande número de trabalhadores que aí passaram a residir.

 

 

 

SÃO VICENTE

 

A região era habitada por pequenos  agricultores, ocupados com culturas de mandioca, cana-de-açúcar, feijão e milho com alguns cafezais e pomares. A organização comunitária teve início nos anos de 1950 com a decisão de se construir um templo católico, já que as missas e reuniões da comunidade eram realizadas na escola. Foi inaugurado, então, no dia 18 de setembro de 1955 a primeira capela, de madeira. Esta capela e seu santo padroeiro – São Vicente de Paula – deram origem à atual dominação do bairro.

 

Desde 1940 as escolas do ensino primário, funcionama em casas alugadas. O crescente aumento do número de alunos exigiu a construção de sede própria para a escola, que foi inaugurada em 1968. Dez anos depois, um amplo edifício foi construído que passou a ser chamado Escola Básica Aníbal César.

 

O desenvolvimento acelerado do bairro no período de 1970 a 1973  coincidiu também com o intenso processo de urbanização, que atraiu para Itajaí grande número de populações rurais. A existência de grandes áreas de terras baratas e relativamente próximas do centro da cidade motivou a construção dos conjuntos habitacionais com recursos do governo federal. Destinavam-se à população de baixa renda, para quem a aquisição da casa própria em bairros mais centrais se tornara impossível.

 

 

 

CABEÇUDAS

 

A praia de Cabeçudas deve seu nome às pedras grandes e arredondadas como cabeças, pedras cabeçudas, ali existentes. Já foi local de moradia de populações indígenas, os tupi-guaranis ou carijós, conforme comprova a descoberta do sambaqui, na década de 1970, na área do Iate Clube, sítio arqueológico que foi então pesquisado pelo arqueólogo Padre João Alfredo Rohr.

 

 No sul da enseada de CABEÇUDAS, em 1902, o governo federal construiu um farol para sinalizar a entrada da barra do Porto de Itajaí. A partir daí, aquele local passou a ser chamado de Morro do Farol. 

 

Desde o século passado, diversas famílias de pescadores se estabeleceram na Praia de CABEÇUDAS e nas praias que lhe são próximas. Mas foi somente no começo deste século, que ela começou a ser usada como balneário. Para tanto, muito facilitou a abertura da entrada de rodagem, obra do comerciante e industrial João Bauer, de Brusque, o primeiro veranista a construir lá uma residência. Depois dele, outras famílias de Itajaí, de Brusque e de Blumenau também construíram suas residências de verão: Currlin, Fontes, Pfeilsticker, Miranda, Malburg, Buettner, Burghardt, Renaux.

 

Na década de 1920, três senhoras itajaienses, Dona Ana Fontes, Dona Ana Reis e Dona Ana Werner, encabeçaram um movimento para a construção de uma capela na Praia de CABEÇUDAS, a ser dedicada a Sant’Ana. O terreno para a construção da capela foi doado por Dona Aninha Fontes. A capelinha construída em alvenaria, com um pequeno campanário a encimá-la, foi ornamentada com um belo altar entalhado em madeira e onde estavam entronizadas as imagens da padroeira Sant’Ana; de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Itajaí e do Bom Jesus dos Navegantes, padroeiro dos homens do mar. Todas as imagens foram mandadas adquirir no tradicional estabelecimento do Rio de Janeiro, especializados em artigos sacros, a Casa Sucena.

 

No correr dos anos de 1950, o casal Irineu Bornhausen e Marieta Konder Bornhausen, residente na Praia de CABEÇUDAS, em viagem à França, adquiriram uma pequena imagem de Santa Terezinha do Menino Jesus, que foi então entronizada na pequena capela de CABEÇUDAS. Com o passar do tempo, Santa Terezinha passou a ser tomada como orago da capela, ficando esquecido o de Sant’Ana.

 

Após o concílio Vaticano II, em decorrência das reformas litúrgicas implementadas, o antigo e artístico altar foi desmontado e as três primitivas imagens retiradas do local. Também a capela foi reformada, aumentada para os fundos a área da sua capela-mor e o acréscimo lateral que lhe servia da sacristia foi demolido no lado direito e construído outro à esquerda.

 

 

BAMBUZAL

 

A localidade que hoje chamamos de Bambuzal é assim denominada porque foi uma área em que a Fabrica de Papel Itajaí escolheu para dar inicio a um projeto que consistia no plantio de Bambus para a fabricação de papéis. A espécie chegou a ser plantada, mas nunca houve sua retirada para o fim esperado pela fábrica.

 

Por iniciativa do Prefeito Municipal e Engenheiro Amilcar Gazaniga, o Bambuzal foi escolhido para destinar-se as obras de um conjunto habitacional da Cohab/SC.

 

Em 1977 inicia-se o traçado das ruas que comportariam até 328 residências. Já em 1982 os cidadãos itajaienses de baixa renda poderiam fazer suas inscrições para adquirir essas moradias, no mesmo ano faz-se um sorteio para decidir quem seriam os privilegiados com o financiamento habitacional.

 

A comunidade mostra-se organizada criando logo em 1983 a Associação Comunitária Nilson Lourenço dos Santos contando com 72 moradores engajados para realizar projetos em beneficio daquela localidade. Eles reclamam a instalação de telefone público, muro para o colégio Mansueto, estaqueamento para a construção do Centro Comunitário.

 

O ano de 1983 também foi difícil para estes moradores que sofreram com uma enchente em julho e novamente no ano seguinte em agosto. A associação não se rendeu, distribuiu alimentos, roupas e ajudou a reformar as casas dos que foram atingidas.

 

 

BAIRRO FAZENDA

 

As terras que hoje constituem o bairro Fazenda pertenceram à sesmaria obtida em 1973 pelo Tenente – Coronel Alexandre José de Azevedo Leão Coutinho. Este era natural do Rio de Janeiro e, como o pai, seguiu também a carreira militar. Em 1787, foi removido para Santa Catarina para ser o comandante da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, em Florianópolis, que então se chamava Desterro.

 

Após ser reformado e dado baixa do serviço ativo do Exército em 1793 se estabeleceu com uma “Fazenda” na sesmaria que obtivera do rei de Portugal; para cá trazendo mulher, Dona Fortunata Amélia de Azevedo Leão Coutinho, filhos e escravos. Construiu uma boa casa para residência, engenhos de farinha e açúcar e fez extensas plantações. A “Fazenda”, como ficou sendo conhecida a propriedade do Tenente – Coronel Alexandre José, chegou a ter grande cafezal, muitas laranjeiras e outras árvores frutíferas, extensas poças e plantações.

 

Em 1798, o Tenente – Coronel Alexandre José de Azevedo Leão Coutinho enviuvou, vindo a se casar em segundas núpcias com Dona Felícia Alexandrina; e a 08 de Outubro de 1815, aos 64 anos faleceu o Tenente – Coronel aqui em Itajaí, na sua casa da “Fazenda”.

 

A “Fazenda” então ficou sob a administração da viúva Dona Felícia, mulher ativa e de muito prestígio na região. Após a morte desta, seus filhos e netos foram vendendo partes dos terrenos da “Fazenda”, tendo conservado apenas a área central com a casa – grande. Esta última parte foi vendida afinal, nos fins do século passado, ao Coronel Eugênio Luiz Müller, cujos herdeiros nos anos de 1960 lotearam a área que deu origem ao “Loteamento Müller”. Foi nesta ocasião que se demoliu a antiga e centenária casa – grande da “Fazenda”, cuja construção ficava no local onde hoje está edificada a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes.

 

O bairro Fazenda tem, pois uma história que é anterior à própria história da cidade de Itajaí, cujo início somente se deu a partir de 1824. É, portanto, a mais antiga área urbana da cidade e o seu bairro mais antigo e histórico.  

 

SÃO JOÃO

 

 

A região de Itajaí que hoje se chama Bairro São João, até o início dos anos de 1950, não tinha uma denominação própria. Esta grande área que vai do Bairro da Vila Operária até o da Barra do Rio, entre a rua Blumenau e rio Itajaí-mirim, era apenas cortada por algumas poucas ruas como a José Cândido, José Quirino, a Max e a Stringari. Já na década de 1940, Pedro Rangel, proprietário de larga faixa de terra, abrira a rua que leva seu nome e permitiu assim a ligação da rua Blumenau com a rua José Pereira Liberato (a “rua do rio Pequeno”), através da rua José Cândido, favorecendo a expansão urbana da região. Todas as iniciativas, como esta, que levara a abertura de novas ruas, foram particulares e as vias públicas abertas acabaram, via de regra, por receber os nomes daqueles proprietários, que as abriam e loteavam os terrenos às suas margens.

 

O auge da exportação da madeira, que então vivia o Porto de Itajaí, ocasionou o estabelecimento de grandes depósitos de madeira naquela região e onde foram morar centenas de trabalhadores do porto, operários das madeiras e marítimos.

 

Mas a denominação Bairro São João somente surgiria a partir de 1948. Nesse ano, por iniciativa do vigário de Itajaí, Pe. Vendelino Hobbold, cinco missionários capuchinhos vieram à cidade para a realização de Santas Missões. Um destes missionários foi destacado para a região da rua Pedro Rangel e ficou hospedado na casa de João Alfredo D’Ávila.

 

Em 1968, na pequena capela de madeira foi instalada a Paróquia de São João Batista, tendo sido seu primeiro vigário o Padre Agostinho Sthaelin. A década seguinte de 1970 foi a época de maior desenvolvimento do bairro. A educação se expandia com a criação da Escola Básica e posteriormente, Colégio Estadual Profº. Henrique da Silva Fontes, numa transformação do antigo Grupo Escolar, inaugurado em 1964. Bem como, com a criação do Grupo Escolar Municipal João Duarte e da Escola Básica Paulo Bauer. Mas, acima de tudo, na década de 1970, o Bairro São João experimentou um surpreendente desenvolvimento urbano. As ruas começaram a ser pavimentadas, novos moradores foram se instalando e foi construída a conhecida “Praça da Alegria”, denominação tirada de um popular programa humorístico de televisão da época.

 

Iniciativas comunitárias como a festa de são João, a banda Escolar do Colégio, o Círculo Operário e a Escola de Samba Unidos do São João davam ao bairro um invejável espírito de comunidade, um elogiável exemplo de boas realizações e um excelente conceito na cidade.

 

No início da década de 1980, uma iniciativa de melhoria urbana, a abertura da rua Indaial até o coração do Bairro São João, marcou o ponto máximo da sua expansão urbanística e favoreceu a maior integração com os demais bairros de Itajaí. Mas foi também o início de um tempo de menos desenvolvimento e de queda na vida comunitária do bairro.

 

 

ITAIPAVA

 

O nome Itaipava, com as variantes Itoupava e Itopava, é de origem tupi-guarani e significa “pedra que atravessa a água”. A região foi território dos bravios índios botocudos, como comprovam os sambaquis ali existentes. Os índios  resistiram com violência a ocupação de suas terras pelo homem branco até as primeiras décadas do século XIX. Um aviso vindo de Portugal, em 1820 pedia para que Antônio Menezes de Vasconcelos Drumond, tomasse posse das terras e nelas formasse um estabelecimento colonial. Sendo as primeiras terras do Vale do Itajaí a se destinaram a um empreendimento colonial.

 

A futura colônia, que se chamaria São Tomás de Vilanova, não foi concluída, pois Drumond teve que retornar ao Rio de Janeiro. Uma nova tentativa de colonização teve lugar com a lei provincial de 1835, que ordenava a criação de um estabelecimento colonial nas antigas terras cedidas a Drumond. Desta vez a direção da colônia coube a Agostinho Alves Ramos. O fundador de Itajaí não prosperou devido aos ataques dos índios que amedrontaram e dispersaram os colonos.

 

A construção da estrada que tinha início na Barra do Rio e ia em direção àquela colônia, no ano de 1871 muito favoreceu a integração da região da Itaipava com a Vila de Itajaí. Na localidade produzia-se mandioca, milho, arroz, feijão e cana de açúcar. Inúmeros engenho de farinha e de açúcar se espalhavam pelas diversas propriedades rurais. Mas uma atividade manufaturada já despontava: a fabricação de telhas e tijolos. Sabe-se que a primeira olaria da estrada de Brusque foi montada por volta de 1840.

 

Em 1910, o município instalou a primeira escola que hoje vem a ser a Escola Básica Judith Duarte de Oliveira. Na década seguinte começou a construção da capela dedicada a São Pedro. A escolha do padroeiro coube a Augusto Wippel seu devoto e doador do terreno. As décadas seguintes seriam de contínuo crescimento e melhorias. A ligação ferroviária Blumenau/Itajaí, inaugurada em 1954, atravessou a localidade, sendo edificada uma estação de passageiros e cargas, Estação Engenheiro Vereza. A partir da década de 60, gerou-se um afluxo populacional. A lei municipal nº 2.147, de 4 de dezembro de 1984, alterando o perímetro urbano do município, incluiu Itaipava e promoveu assim significativo aumento da zona urbana de Itajaí.


JORNAL IMPRESSO
12/04/2024
05/04/2024
29/03/2024
22/03/2024

PUBLICIDADE
+ VISUALIZADAS