sábado, 20 de abril de 2024
22/04/2015 | 12:25

Bem melhor do que nós

Estive na Rússia, nós últimos sete dias. Cumpri missão do Senado Federal, em Moscou, São Petersburgo e Kazan, fazendo contatos na busca de investimentos e no aumento do intercâmbio econômico e cultural.

No Senado russo (que se chama Conselho da Federação), tratei da organização do Parlamento dos BRICS, grupo multilateral que congrega Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cuja primeira reunião dar-se-á em Moscou, em junho deste ano.

Quando estive na Rússia, pela primeira vez, em outubro de 1999, tive a nítida impressão de que o Brasil havia superado a antiga potência mundial, que, sob o nome de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, disputava a liderança mundial com os Estados Unidos da América.

Hoje, tenho a sensação de que a Rússia está bem melhor do que nós. Sob o ponto de vista cultural nenhuma dúvida. No metrô, aonde vão de casa para o trabalho milhares de pessoas, o que mais se vê é gente lendo livros (não estou falando de jornal).

Em Moscou, há mais de cem teatros, lotados todos os dias (e não é com turista estrangeiro). Iluminada à noite, da um show de história (com o patrimônio arquitetônico sem igual do Kremlin - sede do governo - ou da Praça Vermelha), e com os modernos arranha-céus do novo centro econômico e financeiro, que parece Wall Street.

A gente anda na rua, a qualquer hora do dia ou da noite, sem medo de ser assaltado.

Mesmo com os preços do petróleo e do gás aviltados, o que provocou uma crise econômica no país; mesmo com o bloqueio que os Estados Unidos e a Comunidade Europeia estão lhe infligindo, a Rússia vem tendo indicadores de crescimento econômico e de inflação muito melhores que os nossos.

A infraestrutura é, de longe, melhor. Um exemplo? Nós não temos trem rápido nem entre Rio e São Paulo. Pois, um trem moderníssimo faz, em apenas quatro horas, o longo percurso entre Moscou e São Petersburgo. Exato. Sai e volta na hora certa, como se estivéssemos na Suíça.
O metrô funciona como um relógio. O sistema de transportes funciona. E com a intermodalidade integrada que não possuímos: cabotagem marítima, ferrovia, hidrovia, rodovia e aeroportos.

Outro exemplo? Todo o patrimônio histórico foi ou está sendo conservado. Igrejas antigas são ou foram reconstruídas. Não se vê uma construção sequer que não tenha sido rebocada e pintada, mantida em seu aspecto histórico por fora e modernizadas por dentro.

As três cidades onde estive - Kazan, São Petersburgo e Moscou - estão limpas, arborizadas, organizadas.

Vi, nas escolas primárias, médias e de nível superior um rendimento, uma ordem, uma disciplina, que, infelizmente, não é a rotina dos educandários brasileiros.

Para um país que sofreu com as duas grandes guerras, que perdeu, só na Segunda, de 1941 a 1945, 28 milhões de pessoas; que saiu debilitado e sucateado ao fim da guerra fria; a Rússia acaba sendo um exemplo para nós, que vivemos dias de corrupção, descrédito, violência, criminalidade, crescimento zero e inflação alta.

Antigamente, se dizia, quando algo não ia bem que "tava russo". Antes, estivesse...


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