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15/12/2014 | 14:07

Brasil passa por uma crise ética, diz senador Luiz Henrique

O senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) participou da 6ª Reunião do Conselho de Representantes da Fecomércio SC proferindo a palestra "Brasil, encruzilhada e caminho", em que falou sobre os gargalos que dificultam o desenvolvimento do país. Cotado para a disputa à presidência do Senado, Luiz Henrique disse que acredita ser muito difícil, em virtude da configuração das forças políticas, que algum representante do Sul do país possa vencer a disputa, mesmo admitindo ter recebido diversas manifestações de apoio.

Luiz Henrique afirmou que o Brasil passa por uma crise ética, diferente das crises ideológicas que ocorreram ao longo das décadas anteriores. "É uma crise ética que envolve gente da classe política, classe empresarial e os técnicos da administração pública que está afetando a joia da nossa coroa, que é a Petrobras", disse.

De acordo com o senador peemedebista, o Brasil teve o menor crescimento entre os países dos BRICS e entre os países vizinhos da América do Sul. Para o primeiro trimestre de 2015, a previsão de inflação é de 1,2%, o que representa um desafio para a nova equipe econômica do governo. O deficit nas contas públicas de janeiro a setembro deste ano foi de R$ 18,9 bilhões. Diante desse quadro, afirmou Luiz Henrique, "a nova equipe irá adotar medidas de choque para conter o deficit público e ajudar no equilíbrio entre despesa e receita. E isso não nos dá uma perspectiva de crescimento significativo em 2015 e 2016".

Para Luiz Henrique, a solução para os problemas são as reformas que vêm sendo adiadas há décadas: as reformas política, tributária, previdenciária e trabalhista. "O Brasil precisa revogar o velho, o atrasado, que nos coloca em muletas e não permite o desenvolvimento do país".


Reformas

Segundo ele, a reforma política deve começar pelo fim do financiamento privado às campanhas eleitorais, que oportunizam a corrupção. "O financiamento público de campanha não custa 10% do que custa hoje em termos de evasão, caixa 2, o que está se cristalizando hoje na Petrobras. Defendo financiamento público com parte de financiamento privado, feito só por pessoa física e limitado a três salários mínimos. Isso acabaria com essas relações odiosas que se revelam na investigação da Petrobras", afirmou.

Luiz Henrique também defendeu o fim da reeleição, segundo ele um erro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "A reeleição permite o uso da máquina pública por quem está no mandato. Quando fui candidato à reeleição ao governo do Estado, eu renunciei para disputar em igualdade de condições com os demais candidatos. A reeleição é inadequada e, sem a desincompatibilização, ela é odiosa", disse o senador, sugerindo o mandato de seis anos para todos, uma eleição geral para presidente, governadores, deputados, senadores, prefeitos e vereadores. "Nós mal reelegemos o governador Raimundo Colombo e, no meio político, já se fala da eleição para prefeito. Precisa parar a prática de eleições a cada dois anos".

O senador pregou, também, o fim das coligações nas eleições proporcionais e a instituição da cláusula de barreira para os partidos que não alcancem 3% dos votos nas eleições presidenciais. Luiz Henrique defendeu o fim da divulgação das pesquisas nos últimos 15 dias das eleições, e propaganda eleitoral de tevê apenas ao vivo. "Os marqueteiros transformam os candidatos em produtos. Os comerciais custam uma fortuna. Com a propaganda ao vivo, reduziria em 70% o custo das campanhas".


Divisão do bolo

Sobre a reforma tributária, Luiz Henrique disse que o Brasil precisa voltar à divisão do bolo fiscal conforme previa a Constituinte, de 50% da arrecadação para a União, 30% para os estados e 20% para os municípios. "Hoje a União fica com 65%, os estados com 21% e os municípios com apenas 12%. Diferentemente dos impostos, as contribuições criadas pelo governo não são divididas entre os entes federativos. Não há nada mais irmão siamês da ineficiência, da corrupção, do esbanjamento do dinheiro público do que a concentração na União", disse.

Para Luiz Henrique, o Brasil precisa de investimento público para voltar a crescer. Segundo ele, o Brasil está apostando nas commodities e perdendo na competitividade da sua indústria, com a obsolescência da lei trabalhista e o baixo investimento em inovação. "É preciso um grande esforço para recuperar a indústria nacional. É a base de tudo. Demanda melhor conhecimento, especialização, a indústria é o nicho de tecnologia. A nação que não protege a sua indústria não tem futuro", disse.


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