quinta, 18 de abril de 2024
24/06/2014 | 10:18

A Seleção de todas as Copas

Minha primeira copa foi a de 1950. Como todo mundo, fiquei ligado no rádio, ouvindo, na voz de Oduvaldo Cozzi, aquela narração erudita e cheia de belas imagens.

            O rádio e, a partir de 1970, a televisão revelaram os grandes  artistas da bola, aqueles que conduziram multidões à alegria e à tristeza, encantaram-nos com seus dribles improváveis e suas defesas impossíveis; que fizeram dos estádios fábricas de emoções e sonhos; catedrais de fé e esperança, e universidades inovadoras da ciência de jogar futebol.

            Para mim, os principais autores dessa epopeia são: Yashin, Djalma Santos, Figreroa, Bobby Moore e Nilton Santos. Beckenbauer e Didi. Garrincha, Puskás, Pelé e Maradona.

            Nessa seleção de seis décadas, o russo Yashin é, sem dúvida, o melhor de todos. Chamado de “Aranha ou Pantera Negra”, foi aclamado pela Fifa, em 1998, como “goleiro do século”. Defendeu 150 pênaltis; em 270 jogos e não tomou nenhum gol. Jogou quatro copas seguidas.

            O Bicampeão do mundo Djalma Santos criou uma nova função ao ala: a de atacante. Em 1998, a FIFA o aclamou como “melhor lateral-direito de todos os tempos”.

            Não houve zagueiro central, defensor e artilheiro, como o chileno Elias Figueroa, nominado pela FIFA como o melhor do mundo. É famosa a sua frase: “A grande área é a minha casa. Só entra quem eu quiser!”

            Quem vai ao Estádio de Wembey, em Londres, depara com uma estátua de Bobby Moore, o quarto zagueiro quase perfeito, que mereceu, da UEFA, o título de melhor jogador inglês dos últimos cinquenta anos. Capitão da equipe campeã em 1966, defendeu a seleção de seu País em três copas.

            Nilton Santos foi chamado de “enciclopédia do futebol”, antes da FIFA conceder-lhe o título de melhor lateral esquerdo de todos os tempos. De fronte ao Engenhão, foi erigida uma estátua em sua homenagem.

            Beckenbauer, o Kaiser (imperador) ganhou duas copas (como jogador e como técnico). Foi, indiscutivelmente, o melhor da história do futebol, em sua posição.

            Basta que eu transcreva sobre Garrincha o texto de Carlos Drumond de Andrade: “Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos nos Estádios.”

            Didi, condutor das equipes campeãs de 1958 e 1962, recebeu várias homenagens pelo seu jogo lúcido e elegante: “Mister Futebol”, pela imprensa europeia,  “príncipe etíope”, pela brasileira.

            Não houve nenhum centroavante como Ferenc Puskás. Foi capitão daquela inexcedível seleção húngara campeã olímpica, que passou quatro anos invicta. Fez 84 gols em 85 jogos.

            Pelé não tem adjetivos. Pelé foi tudo. Foi tricampeão do mundo. Marcou mil gols. Ele tinha, como ninguém, uma antevisão das jogadas.  E tornou-se o rei do futebol, porque reunia a trindade fundamental ao grande atleta: força física, apurada técnica e caráter excepcional. Por isso foi eleito o atleta do século!

            Estou deslocando Maradona para a ponta esquerda, como Zagallo fez com Rivelino, na copa de 1970. Efetivamente, não poderia deixar de haver lugar para o insubstituível craque argentino nesse altar dos deuses do futebol.

            Ao ver os jogos desta Copa, lembremos, com saudade, desses gênios da bola.


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