terça, 19 de março de 2024
Geral
08/07/2020 | 10:15

Julho Verde estimula autocuidado na prevenção do câncer de cabeça e pescoço, com o lema “Seu Corpo é sua vida. Não o destrua!”

“A informação sobre prevenção é a chave. Se tivermos a consciência dos danos que causamos ao nosso próprio corpo, com o consumo de substâncias como o tabaco em todas as suas apresentações e o álcool, se cuidarmos da nossa alimentação, se vacinarmos nossos jovens contra o HPV, podemos ter uma chance de mudar a incidência crescente dos tumores de cabeça e pescoço no Brasil”, alerta Melissa Ribeiro, sobrevivente de câncer de laringe. Ela é fundadora e presidente voluntária na ACBG Brasil - Associação de Câncer de Boca e Garganta, que promove a quarta edição do Julho Verde, em parceria com a SBCCP, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Esse ano, a campanha quer alertar sobre a importância da preve nç ;ão a esses tumores, com o lema “Seu corpo é sua vida. Não o destrua!”, trazendo o protagonismo a cada indivíduo sobre os fatores de risco.

 

Os tumores de cabeça e pescoço são o terceiro em incidência entre os homens brasileiros e devem representar 7,9% dos novos casos estimados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) neste ano. Segundo o presidente da SBCCP, Antonio José Gonçalves, a doença deve atingir de 35 a 40 mil pessoas em 2020. “Dentre as principais localizações, nas mulheres o câncer de tireoide deve registrar 12 mil novos casos. Entre os homens, serão 11 mil novos casos de câncer de boca e aproximadamente 6,5 mil novos casos de tumores na laringe. Além disso, esse tipo de tumor acomete a pele da face e do pescoço, a faringe as glândulas salivares, os seios paranasais e outras localizações, em que a repercussão no paciente é extremamente importante”, esclarece Gonçalves. &ldquo ;O trata mento mexe com a estética facial, com a deglutição e alimentação, com a fala e a voz. Daí a importância do diagnóstico precoce, para preservar esses órgãos e propor tratamentos mais adequados”, acrescenta o cirurgião.

 

Para ter mais chance de um diagnóstico precoce, é preciso procurar logo um médico a qualquer sinal diferente no corpo, como uma ferida na boca que não cicatriza por mais de 15 dias, dificuldade ou dor para engolir, ou a voz ficar rouca por muito tempo.

 

“Apesar desse tipo de tumor ser bem frequente, as pessoas não dão a atenção devida para a prevenção”, destaca a fonoaudióloga Suzana Areosa, gestora da Rede+Voz da ACBG, acrescentando que essa atitude faz com que o tratamento e a reabilitação sejam possíveis. “Na região da cabeça e pescoço os sítios anatômicos são muito próximos uns dos outros. Quando o tumor é diagnosticado em um nível avançado - que é o que mais acontece com os pacientes no Brasil -, ele está maior e acomete as estruturas adjacentes, exigindo um tratamento mais mutilador e deixando sequelas anátomo-funcionais graves para sempre".

 

Faz parte também da prevenção evitar os fatores de risco: os principais são tabaco (incluindo o uso de cigarro comum, cigarro eletrônico e narguilé) e o consumo de bebidas alcoólicas. Outro fator que merece atenção especial é a infecção pelo HPV (papilomavírus humano), que tem contribuído para o aumento na incidência do câncer de cavidade oral em jovens nos últimos anos. Esta é uma tendência mundial, também é identificada no Brasil, que pode ser revertida com o estímulo à vacinação e ao uso de preservativos.

 

Cuidado também com a exposição ao sol

Quando falamos dos tumores de cabeça e pescoço, devemos falar do câncer de pele melanoma e não melanoma - esse, o mais comum na população brasileira. A exposição indevida ao sol, especialmente na infância e adolescência, é o principal fator de risco para esses tumores. O câncer de pele acomete na região da cabeça e pescoço surge nos lábios, nariz, na parte inferior da pálpebra e no couro cabeludo.

 

Tratamento

O tratamento para câncer de cabeça e pescoço é multidisciplinar e envolve diversos profissionais de Saúde. As opções dependem da localização do tumor primário, idade do paciente, presença de comorbidades e incluem intervenções cirúrgicas, sessões de radio e quimioterapia, além da utilização de medicamentos imunoterápicos em alguns casos. Na maior parte das situações, a doença gera sequelas físicas, estéticas, psicológicas e funcionais irreversíveis, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.

 

Atuação da ACBG

A Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil) é uma organização da sociedade civil, de direito privado, sem fins lucrativos, que trabalha em prol dos pacientes e portadores de câncer de cabeça e pescoço e seus familiares em todo o Brasil. Fundada em 2015 com a missão de dar voz a quem não tem e com a visão de, no longo prazo, diminuir a mortalidade dos pacientes e ampliar a qualidade de vida dos portadores de câncer de cabeça pescoço, a ACBG já alcançou os quatro cantos do Brasil. 

 

Em Santa Catarina, ao lado da Secretaria do Estado de Saúde, implementou uma nova política de saúde pública, na qual assegura a reabilitação pulmonar e fonatória de todos os catarinenses traqueostomizados/ostomizados. Por meio da Rede+Voz, conectou 56 instituições de referência em câncer de cabeça e pescoço de todos os estados do país. Fazem parte da rede 641 profissionais e 482 pacientes. 

 

Em 2019, realizou a 3ª edição da Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço (Julho Verde), que impactou 65 milhões de pessoas. Executou o projeto “Laringe eletrônica: uma voz possível”, que possibilitou a doação de 400 laringes eletrônicas para que pacientes laringectomizados de todas as regiões do país voltem a se comunicar. 

A ACBG é um dos atores responsáveis pelas mudanças que almejamos, mas não está sozinha. Entendemos a importância do trabalho em rede como a única forma de escalarmos nosso impacto, alcançando todos que precisam de nós e gerando mudanças sistêmicas. Pois, enquanto ainda houver vozes não ouvidas, o trabalho da ACBG não terminou. - www.acbgbrasil.org


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