Os escombros do naufrágio do navio Palas, ocorrido há 124 anos, podem ter aparecido nas dragagens dos novos acessos aquaviários do Complexo Portuário do Itajaí. A informação chegou ao Blog da Redação na última segunda-feira, 14, acompanhada de imagens de escombros, e estão ainda sendo checadas. No entanto, sabe-se já que a área onde supostamente foram encontrados os destroços será isolada, até que a hipótese seja confirmada e o naufrágio preservado.
O fiscal da obra, engenheiro da Secretaria de Estado da Infraestrutura Ivan Amaral, foi surpreendido com a notícia na manhã de ontem e contatou a Superintendência do Porto de Itajaí e a Construtora Triunfo, responsável pela obra, para a definição das estratégias a serem adotadas. No entanto, Amaral disse ter conhecimento de que havia alguma coisa submersa no local. Tanto é que a área foi desviada para que as dragas não fossem danificadas.
O superintendente do Porto de Itajaí, engenheiro Marcelo Werner Salles, também só foi informado ontem do fato e, imediatamente, acionou a Gerência do Meio Ambiente para apurar os fatos. Salles também solicitou à Fundação Cultural de Itajaí um levantamento histórico do naufrágio, pois também há a possibilidade dos escombros não serem do Palas e sim pedaços de vagonetes utilizados na construção do molhe, entre outras possibilidades. A Triunfo ainda não se manifestou com relação ao fato, mas deve se pronunciar nos próximos dias.
Segundo relatos da Marinha do Brasil, o navio Palas foi uma embarcação com casco em aço e de propulsão a vapor, movido a hélice, pertencente à Companhia Frigorífica Brasileira, com sede no Rio de Janeiro. A embarcação teria sido incorporada às forças navais pelos revolucionários da Armada em 1893. Chegou a Santa Catarina dias depois, juntamente com a embarcação Aquidabã, naufragando na barra do Rio Itajaí em 25 de outubro. Há relatos que durante muitos anos sua carcaça aflorava das areias do pontal, dando inclusive o nome ao local de Praia do Palas.
Entre as imagens recebidas pelo Blog da Redação estão pedaços de madeira de carvalho com pinos em bronze, estruturas de ferro com rebites e vedação em lona, chapa de revestimento em bronze ou metal e pedaço de amarra em rami, supostamente pertencentes à embarcação.
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Definida estratégia para averiguação dos supostos escombros do naufrágio do navio Palas
A Secretaria de Estado da Infraestrutura (SEI) se reuniu na tarde desta terça-feira com representantes da Construtora Triunfo, Prosul e Superintendência do Porto de Itajaí para definir uma estratégia para averiguar de os escombros encontrados nas obras da primeira etapa dos acessos aquaviários do Complexo Portuário do Itajaí.
A reunião foi coordenada pelo engenheiro de carreira da SEI e fiscal da obra, Ivan Amaral, e pelo secretário adjunto Paulo Roberto Tesserolli França. Ficou definido que a área onde foram encontrados os escombros será delimitada, para que seja feita uma sucção e posterior reconhecimento por mergulhadores, para se saber se trata-se realmente do naufrágio do navio Palas ou de outros escombros.
Pesquisador confirma que escombros são do navio Palas
A Construtora Triunfo teria conhecimento da existência dos escombros do naufrágio do navio Palas ocorrido na barra do Porto de Itajaí há cerca de 124 anos. A afirmação é do pesquisador e consultor Haroldo Becker Filho, que trabalhou no canteiro de obras da empresa no molhe de Navegantes e garante ter comunicado à construtora da existência do navio naufragado na área há pelo menos um ano. Becker, inclusive, tem registros do descarte de peças do navio nas caçambas de lixo da empresa.
Segundo a fonte, os restos do navio naufragado em 1893-1894, inclusive restos de material bélico, estão nas proximidades dos espigões que estão sendo retirados para o alargamento do canal de acesso e às escavações para a nova bacia de evoluções.
Becker teve conhecimento do naufrágio inicialmente em 1998. Começou as pesquisas no ano de 2008 e no início deste ano fez mergulhos para reconhecimento da área, ocasião em que diz ter constatado ser a embarcação utilizada na Revolta da Armada. Suas suspeitas foram confirmadas após os resultados de análises que encomendou a especialistas do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Procurada na terça-feira, a empresa disse que deve se manifestar sobre o assunto nos próximos dias.