sábado, 20 de abril de 2024
Geral
20/01/2017 | 13:35

O que fazer com o dinheiro do saque do FGTS inativo

A notícia de que os trabalhadores poderão sacar todo o saldo de suas contas inativas do FGTS está animando o mercado, sendo que se projeta a injeção de R$ 30 bilhões na economia. Em um primeiro momento já são cerca de um milhão de trabalhadores sem carteira assinada há três anos ou mais e com contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que podem sacar seus saldos.

Esses trabalhadores não precisarão aguardar o calendário da União, que a partir de fevereiro, vai permitir a retirada de recursos de todas as contas que não têm mais movimentação no país. Isso pelo fato de que quem fica por 36 meses ou mais sem recolhimentos para o fundo pode fazer a retirada do saldo que está parado.

Agora, tanto para quem está desempregado e para quem poderá retirar em fevereiro, a orientação é a mesma, muito cuidado para não colocar em risco essa reserva financeira. Não é porque é uma verba inesperada de deve ser gastada desordenadamente, muito ao contrário, esse dinheiro pode marcar o início de uma virada financeira.

O objetivo do governo é que os valores sejam usados para quitar dívidas, mas, só recomendo essa ação em caso de descontrole no pagamento ou inadimplência, fatos que podem gerar juros abusivos. Agora, quando o endividamento estiver controlado (como é o caso de quem tem parcelamentos em dia  da casa própria, veículos, ou para crediários ), esse dinheiro deve ser utilizado para iniciar o planejamento de sonho. Os brasileiros precisam aprender a lidar com o dinheiro de forma sustentável , para que consigam alcançar seus objetivos ao longo da vida com segurança financeira.

Um grande erro que observo é que o FGTS vem sendo posto como a “salvação” dos brasileiros, mas, na verdade será apenas mais um ganho extra, se não tiver cuidado, os resultados serão os mesmo de vários outros valores que os brasileiros recebem, como restituição de imposto de renda, sendo direcionado apenas ao consumo ou ao combate do efeito do endividamento e não das causas.

Mas, como dito, para quem está inadimplente uma orientação especial é interessante: conheça verdadeiramente a sua condição financeira e trace um planejamento para sair dessa situação. Não é com pressa, trocando uma dívida por outra, que o problema irá se resolver, pelo contrário. A mudança precisa ser comportamental, a fim de eliminar costumes e hábitos que levam ao consumismo não planejado e descontrolado.

 

Conheça orientações para sair das dívidas:

Caminhos alternativos para fugir do endividamento são possíveis. Pensando nisso, veja algumas orientações que indicam como resolver o problema definitivamente: 

  1. Se você possui diversas dívidas, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é bastante preocupante. Levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para que continue adimplente. E lembre-se, estar endividado nem sempre é um problema; o problema é quando não se consegue pagar esse compromisso;
  2. Se já estiver inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha e o que gasta, e conheça o seu verdadeiro “eu financeiro”;
  3. Faça um apontamento de despesas diárias, separado por tipo de despesas, durante os próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro. Somente assim poderá cortar gastos e reduzir excessos;
  4. Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de ter domínio completo da sua situação financeira;
  5. A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar, isso não resolve a causa do problema;
  6. No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial;
  7. Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabem em seu orçamento;
  8. Antes de pagar as dívidas, é preciso reunir a família (inclusive as crianças), apresentar o problema e discutir as alternativas. Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar o seu padrão de vida, pois a sua força de pagamento será reduzida nos próximos meses, com o incío do pagamento das parcelas;
  9. Não existe uma porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
  10. Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para fazer suas próximas compras à vista e obter descontos. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não um fim.

Enfim, é muito interessante esse dinheiro extra do FGTS que muitos brasileiros receberão, contudo, muito cuidado na hora de usar. Sabendo se planejar, esse pode ser o início de uma mudança positiva em sua vida financeira, ou pode ser apenas um extra para consumo pu pagar dívidas. A opção será de quem recebe o valor

 

Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.


JORNAL IMPRESSO
19/04/2024
12/04/2024
05/04/2024
29/03/2024

PUBLICIDADE
+ VISUALIZADAS