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Geral
10/03/2015 | 08:42

Pesca da sardinha já resulta em mais de 10 mil toneladas capturadas

Começou no dia 15 de fevereiro a pesca da sardinha-verdadeira, o recurso pesqueiro de maior relevância social e econômica para a comunidade pesqueira itajaiense. O volume de capturas verificado nas três semanas da abertura da pesca já atinge as 14 mil toneladas, o que vem sendo considerado um excelente número pelos pescadores e armadores e até mesmo pela indústria de beneficiamento. “Em 2014 registramos a melhor safra dos últimos 17 anos, com mais de 100 mil toneladas. A expectativa do setor é que esta média se mantenha em 2015, pois isto representa um grande incremento de renda em toda a cadeia produtiva pesqueira da Foz do Rio Itajaí-Açú,” falou o Secretário de Pesca, Agostinho Peruzzo.

Pode-se dizer que atualmente a sardinha-verdadeira é o “carro-chefe” da produção pesqueira local. O desempenho no volume de captura apresentado nos últimos três anos no Brasil, sempre em patamares acima das 98.000 toneladas, reafirma este posto. A pescaria da sardinha por uma frota considerada industrial iniciou por aqui ainda na década de 1960, porém passou a ganhar relevância na década de 1980, com o declínio da pesca do camarão e quando o parque de beneficiamento local passou a utilizá-la em larga escala.

Atualmente considerando o volume de desembarques, a sardinha-verdadeira é a espécie mais importante para a frota pesqueira do Brasil, tendo estatísticas de captura anteriores à própria criação da SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento da Pesca). Com este longo histórico de números agregado ao seu valor nutritivo e ao mercado consumidor de pescado, inclusive em países vizinhos, é uma espécie tratada com muito carinho pela comunidade pesqueira local.

Defeso e Pesquisa Científica

O defeso da sardinha-verdadeira, período de parada obrigatória da pesca para recomposição dos estoques no mar, ocorre em dois períodos ao longo do ano: entre 15 de junho e 31 de julho para recrutamento (crescimento do peixe) e entre 01 de novembro e 15 de fevereiro para reprodução. “Entende-se que a adoção desta medida pelo Governo Federal, remédio amargo para o setor produtivo, deu bons resultados. Porém, há muito mais a ser feito em termos de gestão pesqueira, pois o setor está dando o melhor de si para demonstrar que é possível sim pescar com respeito às regras ambientais, e agora espera o mesmo tratamento e respeito nas áreas social e econômica que também fazem parte da pescaria” fala o secretário de pesca.

No que diz respeito à pesquisa, a Univali é referência. De 2000 a 2012, a universidade elaborou a Estatística Pesqueira Catarinense que serviu de modelo para outros estados pesqueiros e até mesmo para órgãos do Governo Federal, como o próprio Ministério da Pesca. Já o Sindicato Patronal da Pesca (SINDIPI) criou uma Coordenadoria Técnica e passou a custear pesquisas em prol do segmento. A empresa GDC – Gomes da Costa trouxe seu parque industrial do Estado do Rio de Janeiro para a cidade de Itajaí, ampliando os investimentos e focando cada vez mais nos mercados da América do Sul.

Outra importante iniciativa, deflagrada pela empresa GDC no ano passado, agrega representantes do SINDIPI, Univali e Prefeitura de Itajaí - Secretaria de Aquicultura e Pesca no Programa “Pescarias Sustentáveis”, criando um canal de discussões muito importante e necessário para validar e até mesmo indicar ações de gestão pesqueira que busquem a sustentabilidade da pescaria. Como principal trabalho do Programa neste momento, equipes da UNIVALI realizam amostragens de pescado dentro das dependências da empresa GDC, quando do desembarque das sardinhas.

De cada desembarque são medidas 250 sardinhas para obtenção de dados de estrutura de tamanhos. Amostras de 60 indivíduos são coletadas para análise em laboratório, visando identificar os estágios de desenvolvimento gonadal de machos e fêmeas. Dados pesqueiros das viagens amostradas também são coletados, registrando-se os volumes capturados, as áreas de pesca e esforço empregado. Ainda no âmbito deste Programa, e igualmente financiado pela empresa GDC e executado por pesquisadores da Univali, temos a condução de pesquisas sobre os impactos ecossistêmicos da pesca da sardinha, um trabalho pioneiro no Brasil que visa compreender como a pesca da sardinha interage com o ecossistema onde a atividade está inserida.

“O setor produtivo está fazendo a parte que lhe cabe, buscando implementar e apoiar na medida do possível qualquer ato que possa incrementar a política de gestão compartilhada das pescarias adotada pelo Governo Federal, e espera que outros atores vinculados à atividade pesqueira também façam a sua parte, em prol da propalada sustentabilidade” finaliza Agostinho Peruzzo.


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